Prepare o bolso: passagens de ônibus da RMR sobem 14,26%. Anel A passa de R$ 2,80 para R$ 3,20
Publicado em 13/01/2017 às 14:00
| Atualizado em 14/01/2017 às 13:05
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Fotos: Diego Nigro/JC Imagem
Nem R$ 3,25 nem R$ 3,75. As passagens de ônibus do anel A, utilizado por 85% dos 2 milhões de passageiros diários da Região Metropolitana do Recife, vão custar R$ 3,20, um aumento de 14,26%, aprovado pelo governo do Estado, ontem, sob protestos de estudantes e durante uma reunião realizada às pressas, antes do horário previsto e sem que a imprensa tivesse acesso. O reajuste, que também impacta nos outros aneis tarifários, entra em vigor a 0h deste domingo. É praticamente o dobro da inflação e está muito acima do reajuste salarial de diversas categorias. Agora, para ir e vir, o trabalhador terá que desembolsar, no mínimo, R$ 6,40 por dia.
O que sofremos na outra reunião, com agressões até físicas aos conselheiros, foi demais. Tínhamos que garantir a integridade física das pessoas"
Francisco Papaléo, secretário das Cidades e presidente do CSTM
Com a majoração, o anel A passa de R$ 2,80 para R$ 3,20; o B, de R$ 3,85 para R$ 4,40; o D, de R$ 3,00 para R$ 3,45, e o G será reajustado de R$ 1,85 para R$ 2,10. As linhas opcionais também sofrem impacto (veja arte). Os percentuais aprovados pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) foram superiores, mas devem ser arredondados pela Arpe para facilitar o troco nos ônibus.
Mais uma vez, como acontece historicamente, o processo de definição do aumento das passagens de ônibus da RMR foi traumático e pouco esclarecedor. Na prática, o reajuste foi aprovado por apenas 12 dos 24 conselheiros que integram o CSTM. E apenas 18 conseguiram participar do encontro. Assustado com as agressões praticadas por estudantes na reunião que foi adiada por força de uma liminar, na semana passada, o governo do Estado montou um forte esquema de segurança com a Polícia Militar e a vigilância privada da Secretaria das Cidades, impedindo o acesso de estudantes e dos jornalistas.
O encontro começou às 8h, em primeira convocação e com apenas 18 conselheiros. Rapidamente o aumento foi submetido à votação e aprovado. Dos oito representantes da sociedade civil que integram o CSTM, apenas quatro participaram. Os outros chegaram às 8h20, quando o reajuste já era fato. Diferentemente do que foi exposto na internet, o Grande Recife Consórcio de Transporte (leia-se o governo do Estado, gestor do sistema de transporte) apresentou três propostas: reajuste do Anel A para R$ 3 (mas sem renovação anual de 467 ônibus), aumento para R$ 3,20 (que prevê a renovação da frota e terminou aprovada) e uma majoração para R$ 3,65 (que considerava a retirada do subsídio que o governo tem feito desde 2014, no valor anual de R$ 221 milhões). O segundo cenário, defendido pelo GRCT, foi o que venceu com 12 votos. Os usuários apresentaram uma proposta de criar uma tarifa única e reajustá-la pelo IPCA para R$ 3, enquanto a Urbana-PE defendeu o aumento de R$ 33,9%. A primeira recebeu quatro votos e a segunda, um. Ainda houve uma abstenção.
LEIA MAISAumento das passagens: um jogo de cartas marcadas
O presidente do CSTM e secretário das Cidades, Francisco Papaléo, garantiu que a reunião estava marcada para às 8h, em primeira convocação, e às 8h30 numa segunda chamada. Como havia o número necessário de conselheiros às 8h, decidiram começar a votação. “O que sofremos na outra reunião, com agressões até físicas aos conselheiros, foi demais. Tínhamos que garantir a integridade física das pessoas”, explicou. O secretário destacou que a tarifa da RMR é a menor do País entre as capitais que já anunciaram a recomposição e o sétimo menor valor considerando todas as tarifas vigentes. “Sabemos da dificuldade da população em tempo de crise, mas precisávamos desse aumento para não comprometer a qualidade do serviço. E o reajuste não foi de aproximadamente 30% devido aos subsídios e isenções que o governo vem dando”, ponderou.
Para o passageiro, entretanto, o discurso do governo do Estado soa como velho. Em 2015, quando a tarifa foi reajustada em 12,93%, foi determinado que as empresas de ônibus iriam adquirir 400 novos veículos, mas elas só colocaram 275 em circulação. Em 2016, houve um aumento tarifário ainda maior - 14,42% -, e só 153 coletivos novos foram comprados. Agora, o GRCT diz que definiu um quantitativo de veículos zero quilômetro por empresa e que terá mais mecanismos para fiscalizar o cumprimento do acertado. É esperar para ver.
METRÔ NÃO SOBE. PELO MENOS POR ENQUANTO
Pelo sexto ano consecutivo, os usuários do metrô do Recife continuarão a pagar R$ 1,60 pela passagem. A manutenção do valor foi anunciada na manhã de ontem pelo ministro das Cidades, Bruno Araújo, em entrevista à Rádio Jornal. A notícia foi dada no mesmo dia em que o Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) votou pelo aumento de 14% nas passagens de ônibus.
“Fizemos uma avaliação e vimos que, neste momento, devido à grave crise econômica, o governo federal poderia continuar dando esta contribuição à sociedade”, afirmou o ministro. Segundo ele, o valor adquirido pelo metrô do Recife corresponde a apenas 20% das despesas do sistema. “Na prática o governo paga os outros 80%.”
A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) se pronunciou sobre a manutenção da tarifa do metrô por meio de nota e elogiou a postura do governo federal de “avançar em uma política de gestão compatível com as necessidades do transporte de todo o Recife”.
Se por um lado a manutenção do preço chega em um momento em que a população protesta contra o aumento da tarifa dos ônibus, por outro não cobrar mais dos usuários pode significar falta de investimentos no metrô.
Em maio do ano passado, quando o ministro assumiu o cargo, o sistema metroviário do Grande Recife ameaçava parar de funcionar ou, pelo menos, reduzir drasticamente a operação justamente por falta de recursos que deveriam ter sido repassados pelo governo federal.
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