ILHA REI GEORGE – Com 100% das pesquisas retomadas na 32ª Operação Antártica, dois navios funcionando a pleno vapor, recursos de R$ 13,8 milhões e a expectativa da construção de uma moderna base nos próximos dois anos, a ciência polar brasileira vive um dos seus melhores momentos. Apesar da situação confortável, não está isenta de desafios. Trata-se de calcular bem os passos para dar o salto de inovação necessário a alçar o Programa Antártico a um patamar de vanguarda. Em termos de produtividade, hoje pode-se dizer que o País ocupa uma posição intermediária entre os signatários do Sistema do Tratado da Antártica. Por pouco tempo, no que depender do recém-lançado plano de ação que delineia uma trajetória ascendente até 2022.
A meta é aumentar tanto a quantidade como a qualidade da produção científica no âmbito do Proantar, que contabiliza 123 trabalhos publicados entre 2012 e 2013, além da formação de 38 doutores e 57 mestres, segundo a coordenadora para Mar e Antártica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Janice Trotte-Duhá.
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O documento propõe a criação de cinco eixos temáticos interdisciplinares para estudar as relações de mão dupla entre o clima, a fauna e a flora do continente gelado e da América do Sul, em especial do Brasil. “Queremos ser líderes e referência mundial no entendimento dessas conexões, presentes e passadas”, diz o glaciologista Jefferson Simões, relator do grupo de trabalho responsável pela elaboração do plano.
Entre os avanços sugeridos, está a ampliação geográfica do horizonte das pesquisas, principalmente para o interior do continente branco. Atualmente, a maioria dos estudos se concentra nas ilhas costeiras. Na área continental, 99% do território austral, o País mantém apenas o módulo Criosfera 1, a 670 km do Polo Sul e 2,5 mil km de Ferraz.
O lançamento do Criosfera 2, previsto para o fim deste ano, já se alinha com os novos objetivos. A estrutura da nova base também. Definida com a colaboração da comunidade científica, contará com 14 laboratórios e amplo espaço de estudo. Outro ganho, conta Janice, foi a instalação de um guincho geológico a bordo do Navio Almirante Maximiano, que passou a permitir a coleta de amostras de sedimento na Passagem de Drake, a 3.850 metros de profundidade. Com isso, “o País qualificou-se para uma área de conhecimento que ainda não havia conquistado”, comemora.