História

A saga dos gatos: como eles se aproveitaram do homem para conquistar o mundo

Grupo de cientistas analisou mais de 200 restos mortais de gatos para descobrir como os felinos se adaptaram à vida doméstica

JC Online
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Publicado em 20/06/2017 às 0:28
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Grupo de cientistas analisou mais de 200 restos mortais de gatos para descobrir como os felinos se adaptaram à vida doméstica - FOTO: Foto: free images
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Os gatos são companhias adoradas nas casas do mundo inteiro. Mas os bichanos não foram sempre assim, dóceis e apreciadores de cafuné e sofá. Os primos selvagens dos gatos domésticos são animais solitários que perambulam pela África, Europa e Ásia e todos eles fazem parte da espécie Felis Silvestris, que, por sua vez, tem cinco subespécies. Mas apenas uma delas foi domesticada: a Felis Silvestris Lybica, o gato selvagem africano.

Então, como foi que esse tímido e inveterado carnívoro ganhou um lugar para chamar de seu em nossas casas? Para desvendar esse mistérios, um grupo de cientistas analisou mais de 200 restos mortais de gatos em locais como cemitérios Vikings, tumbas egípcias e sítios arqueológicos da Idade da Pedra. O estudo foi publicado neste domingo, 19, na revista científica Nature.

A pesquisa

A partir das pesquisas, os cientistas extraíram o DNA de ossos e dentes dos restos mortais dos bichanos, de forma cuidadosa para evitar contaminação das amostras com DNA moderno que flutua pelo ar ou mesmo o da pele dos próprios pesquisadores.
Comparando as amostras colhidas, o DNA revelou que a domesticação dos gatos aconteceu em duas ondas históricas e isso começou há pelo menos 9 mil anos, no Oriente Próximo, onde o homem começou a desenvolver a agricultura.

Como os primeiros agricultores passaram a estocar o excesso de produção, os grãos estocados passaram a atrair os ratos e estes, os gatos selvagens. Percebendo o benefício de terem gatos por perto, os agricultores foram, provavelmente, os primeiros a alcançar sucesso na domesticação dos gatos.

O DNA mostra que esses felinos amigáveis se tornaram posteriormente exímios viajantes, seguindo em direção aos territórios onde hoje estão a Bulgária e a Romênia, por volta de 6 mil anos atrás. Mas os gatos de fazenda do Oriente Médio não foram os únicos a serem domesticados e a viajar. Houve uma segunda leva de domesticação dos felinos.

Alguns milhares de anos depois, no Egito Antigo, os gatos pareciam ser muito populares. Os pesquisadores encontraram evidências que eles também se espalharam pela Europa durante a Era Romana e, em algumas centenas de anos, eles se tornaram mais comuns do que os gatos vindos do Oriente Próximo.

Os gatos egípcios se espalharam ainda mais. Durante o período Viking, a presença dos roedores era um grande problema nos navios. Na Idade Média, a presença de gatos nas embarcações passaram a ser obrigatórias. Os pesquisadores encontraram o DNA felino no porto Viking de Ralswiek, ao norte da Alemanha. A descoberta sugere que os gatos egípcios foram transportados ao longo de rotas marítimas por todo o norte da Europa.

Por milhares de anos os gatos foram valorizados por sua característica de caçador de ratos e pestes. Mais recentemente, no entanto, as pessoas passaram a ter interesse também na aparência dos bichanos. A pesquisa de DNA buscou uma marca genética, reconhecida por produzir os padrões malhados do pelo dos gatos, comum nos gatos domésticos de hoje, mas que não era visto nos gatos selvagens, de modelo mais listrado. O padrão manchado tem origem de um gato vindo do leste da Turquia, datado do século 14. Por volta do século 19, quando o melhoramento genético passou a fazer parte da preocupação dos criadores, essa característica de pelos passou a dominar.

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