Ciência

Ganhadores do Nobel de Física orientaram doutorado de recifense

Jairo Rolim Lopes de Almeida, professor aposentado da UFPE, conviveu com os premiados entre 1977 e 1979

Renata Monteiro
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Renata Monteiro
Publicado em 04/10/2016 às 22:27
Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
Jairo Rolim Lopes de Almeida, professor aposentado da UFPE, conviveu com os premiados entre 1977 e 1979 - FOTO: Foto: JONATHAN NACKSTRAND / AFP
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Com informações da AFP

O mundo conheceu, nesta terça-feira (4), os vencedores do Prêmio Nobel de Física por pesquisas sobre a matéria: os britânicos David Thouless, F. Duncan Haldane e J. Michael Kosterlitz. O que não se sabia, até então, é que dois destes físicos - Thouless e Kosterlitz - foram os orientadores do doutorado de um professor aposentado da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Jairo Rolim Lopes de Almeida, de 66 anos.

De acordo com Jairo Rolim, que lecionou na UFPE por 37 anos, a convivência com os acadêmicos começou quando, em 1977, após cursar física na UFPE, ele seguiu para a Universidade de Birmingham, na Inglaterra, para desenvolver seu doutorado em física da matéria condensada com subtópico em sistemas magnéticos desordenados. "Comecei o doudorado sendo orientado pelo professor Thouless, mas algum tempo depois ele me informou que iria trabalhar nos Estados Unidos. Foi neste momento que o Kosterlitz assumiu a minha orientação e seguiu até 1979", contou. Em 1989, Kosterlitz esteve no Recife para participar de uma conferência internacional de física realizada na UFPE.

Ainda segundo Rolim, foi com alegria que ele recebeu, hoje, a notícia de que os seus professores ganharam o Nobel de Física. "Eu fiquei muito feliz, sobretudo por ter trabalhado sob a orientação destes dois físicos ilustres. Quando os conheci, muito embora eles já fossem conhecidos e tivessem trabalhos relevantes, eles sempre foram muito simples, humildes, sem arrogância, um estudante não poderia desejar professores melhores", revelou o acadêmico.

"Vários orientadores de Thouless e Kosterlitz foram ganhadores de Nobel, eles estudaram em centros de pesquisa que tradicionalmente forma ganhadores deste prêmio. Eu tive muita sorte, pois os trabalhos que desenvolvi com os dois são muito conhecidos na comunidade científica", lembrou Rolim.

Estudiosos desbravaram um mundo desconhecido

Os britânicos David Thouless, F. Duncan Haldane e J. Michael Kosterlitz, que trabalham nos Estados Unidos, foram anunciados como os vencedores do Prêmio Nobel de Física por suas pesquisas sobre a matéria.

"Suas descobertas permitiram avanços na compreensão teórica dos mistérios da matéria e criaram novas perspectivas para o desenvolvimento de materiais inovadores", destacou a Fundação Nobel.

Thouless, 82 anos, nascido na Escócia, é professor emérito na Universidade de Washington em Seattle (noroeste dos Estados Unidos). Ele receberá metade do prêmio, ou seja, quatro milhões de coroas (417.000 euros).

A outra metade será dividida entre Haldane, 65 anos, nascido em Londres e que é professor na Universidade de Princeton (Nova Jersey), e Kosterlitz, também nascido na Escócia em 1942, professor na Universidade Brown em Providence (Rhode Island).

"Os premiados deste ano abriram o caminho para um mundo desconhecido, onde a matéria pode passar por estados estranhos. Eles utilizaram métodos matemáticos avançados para estudar fases ou estados inusuais da matéria, como os supercondutores, os superfluidos e as fitas magnéticas finas", explicou a Fundação.

As aplicações podem servir para a ciência dos materiais e para a eletrônica.

Em 2015, o japonês Takaaki Kajita e o canadense Arthur McDonald venceram o Nobel de Física por suas pesquisas que estabeleceram que os neutrinos - partículas elementares - têm massa.

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