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Lá fora tem um mundo: as experiências de quem fez intercâmbio

O intercâmbio abre as portas para o contato com gente do mundo inteiro, além de proporcionar a vivência diária com um outro idioma

JC Online
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Publicado em 07/12/2017 às 8:03
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O intercâmbio abre as portas para o contato com gente do mundo inteiro, além de proporcionar a vivência diária com um outro idioma - FOTO: Foto: Divulgação
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Elas nem quiseram saber de vestido, balada, bolo e afins. Para celebrar os 15 anos, Letícia Lisboa, Joanna Magalhães e Maria Eduarda Gasparini trocaram o previsível por uma viagem para a Inglaterra. A ideia era aprender inglês, descobrir o mundo lá fora e descolar um pouco dos cuidados e confortos do lar doce lar. Juntas, mas nem tanto.

Lelê, Duda e Joana estudam na mesma turma desde muito pequenas – são alunas da Escola Parque, que fica em Jaboatão. A ideia de aproveitar as férias do meio do ano para uma viagem de conhecimentos foi compartilhada pelas três. Mas, para que nada atrapalhasse o aprendizado da língua, optaram por ficar em cidades diferentes.

“O programa durou quatro semanas e, durante as três primeiras semanas, fui a única brasileira da minha escola”, conta Letícia, que conviveu com amigas da Turquia, Dinamarca, Itália e França. “Nem eu sabia que era capaz de falar inglês como falei. Falar e, principalmente, capaz de escrever.”

Joanna teve como colegas de quarto uma russa e uma argentina.“O mais incrível é a experiência da independência. E também o contato com outras culturas e outros países”, avalia.

Duda ficou bem amiga de uma eslovena. Aprendeu que ela vinha de um país pequeno e que lá se praticava esportes de neve. Além, claro, da lição principal: “Percebi que existe um mundo lá fora, muito além do Brasil, do que a gente está acostumado. Outras culturas, outros hábitos. E isso é encantador”, afirma.

Entre aprendizados, passeios e novas amizades, há espaço também para aventura. Letícia estava em seu quinto dia em solo inglês quando Eva, uma amiga italiana, foi atropelada durante uma visita das novas amigas ao centro de Londres, no horário livre da escola.

Nada muito grave. Mas a pernambucana se viu dentro de uma ambulância, acompanhando a amiga; e, depois, dentro de um hospital inglês. “Tive que resolver tudo, falar com as autoridades inglesas e também com a família de Eva”, rememora Letícia. Deu tudo certo na prática intensiva de inglês da estudante pernambucana.

INTERCÂMBIO

A decisão de espiar o mundo com olhos de aprendiz e trazer na bagagem de volta experiência e muitas lições não é só dos mais jovens. As mais diversas fórmulas de intercâmbios são oferecidas para os que sonham em aliar viagem e estudos.

A ABA Global Education tem um setor dedicado a Educação e Carreira Internacional, com centro de orientação e preparação de alunos e profissionais para programas no exterior. “Temos um dos centros mais completos do Brasil”, diz Danyele Marina, coordenadora do GlobEducar, o centro de educação e carreira no exterior da ABA. A instituição representa 4.700 instituições de ensino superior só nos Estados Unidos. “É uma espécie de guarda-chuva de serviços: o aluno tem assistência durante todo o processo de um programa fora do Brasil.”

A ideia é que a orientação comece pela decisão do que fazer – curso de inglês de longa ou curta duração, acampamento de verão, programa de ensino médio, residência médica, mestrado, doutorado... Também há orientações sobre formas de custear esse o programa, no caso de bolsas de estudo. “Estamos preparados para orientar desde um programa de inglês numa pequena cidade do Texas ou cursos mais especializados em instituições como a Universidade de Harvard ou no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts”, afirma Danyele. “O acompanhamento serve para o público em geral e não só alunos da ABA.”

Os programas são feitos em parceria com a agência Experimento. “Ano passado, dois alunos pernambucanos, ainda no Ensino Médio, realizaram um programa com duas disciplinas de nível superior. Eles se anteciparam a uma vida universitária lá fora”, avalia Danyele.

NÚMEROS

Mais de 13 mil brasileiros estudam hoje em universidades americanas. No ano passado, só o escritório da ABA atendeu a cerca de 20 mil interessados em estudar no exterior. Além dos Estados Unidos, a instituição também orienta aqueles que querem estudar em outros países de língua inglesa, como Canadá, Inglaterra, Austrália e Nova Zelândia. Ou ainda países que têm o inglês como língua de programas acadêmicos, como a Holanda.

A Wide Intercâmbio, outra empresa que trabalha com programas para quem quer unir viagens a aprendizado, tem filiais no Canadá e na Irlanda, além de Fortaleza. A direção da empresa conta que envia, por ano, cerca de 250 intercambistas de Pernambuco para o exterior. “Muitos viajam em família – pais e filhos dispostos a estudar juntos”,revela Bárbara Coelho, proprietária da Wide.“Os pais começaram a visualizar benefícios dessa experiência, como aprendizagem de inglês, relacionamento com pessoas do mundo todo, mais o lazer”. Há ainda os acampamentos de inverno ou de verão – programas de curta duração, em janeiro ou julho, que aceitam adolescentes entre 12 e 18 anos.

Muito além de Lagoa dos Gatos

João Victor Bento da Silva, 16 anos, mora em Lagoa dos Gatos, a mais de 170 quilômetros do Recife. Em fevereiro de 2018, ele fará a sua primeira viagem de avião – e para o exterior. Embarca para a província de Córdoba, Argentina. O aluno da EREM Professor Manoel Edmundo foi selecionado para fazer intercâmbio. Em princípio, a mãe dele, Márcia, nem acreditou: “Ela foi até a escola, saber se eu estava dizendo a verdade, se era pra valer”, conta João.

Márcia é faxineira. João vai enxergar o mundo além das fronteiras de Lagoa dos Gatos e de Pernambuco. Está animado com a possibilidade de viver em outro local, aprendendo uma nova língua. “Estou muito ansioso. É algo importante para o meu currículo. Sempre sonhei com isso”, confessa. Para ir treinando, João Victor mudou o idioma do celular: agora só espanhol.

Desde 2012, alunos da rede pública de Pernambuco têm viajado para o exterior pelo programa Ganhe o Mundo, coordenado pela Secretaria de Educação. Até este ano, 6.042 alunos viajaram para viver experiências em oito diferentes países. Os alunos são moradores de várias regiões de Pernambuco: 1.979 estudantes do Sertão, por exemplo, já fizeram parte do programa.

Até o dia 31 de janeiro de 2018, alunos da rede pública estadual de Pernambuco podem concorrer às novas vagas do Ganhe o Mundo. São 1070 vagas no total: 1045 para o programa chamado de tradicional e mais 25 para a modalidade esportiva. A novidade desta edição é a inclusão da Colômbia e da Alemanha. As inscrições poderão ser feitas presencialmente ou pelo site www.educacao.pe.gov.br.

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