Copa do Mundo

Governo finaliza desapropriações e deixa caminho livre para Ramal da Copa

Os três últimos imóveis da Avenida Timbi, em Camaragibe, começaram a ser esvaziados. O traçado passou por cima da história de 107 famílias

Wagner Sarmento
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Wagner Sarmento
Publicado em 20/02/2014 às 6:15
Foto: Diego Nigro/JC Imagem
Os três últimos imóveis da Avenida Timbi, em Camaragibe, começaram a ser esvaziados. O traçado passou por cima da história de 107 famílias - FOTO: Foto: Diego Nigro/JC Imagem
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Após longos meses, moradores forçados a deixar as casas onde moravam há décadas, brigas judiciais, indenizações emperradas, problemas de saúde e até relatos de mortes, o processo de desapropriações das obras da Copa do Mundo está perto do final. Os três últimos imóveis da Avenida Timbi, em Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, começaram a ser esvaziados. O caminho para finalização do Ramal Cidade da Copa estará aberto até terça-feira (25). Passou por cima das histórias de 107 famílias apenas em Camaragibe.

A operadora de telemarketing Edjane Ribeiro da Silva, 40 anos, deixou sua casa na manhã de quarta-feira (19). O caminhoneiro Gilson Barbosa da Silva, 43, marido dela, sofreu um acidente vascular cerebral há 10 meses e morreu. “Meu marido estava muito preocupado. Não vou falar que ele morreu por culpa disso, porque ele já tinha tido um AVC em 2006, o médico pediu para ele parar de fumar e de beber, mas ele continuou. Aí veio a notícia de ter que sair de casa e ele ficou muito nervoso. O componente emocional pesa”, disse a viúva, com as frases fazendo eco na sala vazia. Edjane teve de tirar os móveis para a residência – onde o casal morou por 11 anos – ser derrubada. Por lá vai passar o Ramal da Copa, corredor com 6,3 quilômetros de extensão que vai ligar a Avenida Belmino Correia à BR-408 e à Arena Pernambuco, passando pelo Terminal Integrado (TI) Cosme e Damião.

Edjane foi morar com a mãe. O vizinho dela, José Henrique Barbosa Neto, 54, que mantém há 30 anos a Oficina do Zé, permanece no local e promete resistir até o último momento.

“Eles querem que eu saia, mas vou para onde? Preciso da indenização para poder montar a oficina num cantinho que aluguei, mas não tenho dinheiro para isso. Tenho família e três funcionários que dependem de mim. Tenho que pegar pelo menos essa mixaria que o governo está dando”, afirmou.

O outro imóvel ainda ocupado é um prédio com comércio e 12 apartamentos, dos quais só dois continuam com moradores. Segundo os moradores, representantes da Secretaria das Cidades estiveram na localidade ontem para monitorar a situação.

RAMAL - O secretário-executivo de Mobilidade Urbana de Pernambuco, Gustavo Gurgel, afirmou ontem que o Ramal Cidade da Copa só deve ficar pronto em maio, um mês antes do início do torneio. No mês passado, durante a visita do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, secretários de três pastas do governo estadual haviam garantido que as obras seriam concluídas até março. A demora nas desapropriações e a chuva fora de época foram os motivos alegados para postergação do prazo.

“O Ramal fica pronto em maio. Entre março e abril, pretendemos fazer os testes nas vias do BRT. O que tem nos preocupado é a chuva fora do período e bem distribuída, o que atrapalha os serviços. Quando chove, temos que esperar dois dias para o terreno secar. Além disso, se as desapropriações tivessem saído antes, a gente poderia abrir frentes de trabalho. Mesmo assim, a obra continua no prazo estipulado pela Fifa”, ponderou.

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