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Fim dos lixões está longe

Lei Federal nº 12.305/2010 prevê encerramento dos lixões a céu aberto até 2 de agosto

Cleide Alves
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Cleide Alves
Publicado em 27/07/2014 às 9:49
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Lei Federal nº 12.305/2010 prevê encerramento dos lixões a céu aberto até 2 de agosto - FOTO: Foto: Hélia Scheppa/JC Imagem
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A seis dias do prazo determinado pelo governo federal para as prefeituras acabarem com os lixões a céu aberto, Pernambuco não conseguiu cumprir a recomendação. Dos 184 municípios existentes no Estado, só 26 utilizam aterros licenciados. Na Região Metropolitana do Recife, formada por 14 cidades, duas delas ainda mantêm lixões, inclusive com a presença de catadores de materiais recicláveis: São Lourenço da Mata e Camaragibe.

Programada para expirar em 2 de agosto, a meta do fechamento dos depósitos, ao que tudo indica, será adiada. A Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) está tentando, com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e os prefeitos, amarrar um termo de compromisso ambiental. Dessa maneira, as cidades ganhariam mais seis meses de prazo, em média, para providenciar as adequações.

O assunto será discutido em reunião terça-feira próxima, na sede da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), no Jiquiá, Zona Oeste do Recife, pela manhã. Ao assinar o termo de compromisso, o prefeito vai dizer de que forma pretende cumprir as Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos. Os municípios tiveram prazo de quatro anos para encerrar os lixões.

A reunião de terça-feira servirá de termômetro para o governo identificar as prefeituras com disposição para resolver o problema, afirma o secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, Carlos Cavalcanti. “A Semas vai monitorar o cumprimento do termo de compromisso. Caso as medidas não sejam efetivadas no prazo estipulado, aplicaremos multa”, avisa.

Além disso, acrescenta o secretário, o MPPE pode deflagrar processo de improbidade administrativa pelo descumprimento do acordo. O município que não assinar o termo de compromisso ambiental pode ser punido a partir de 3 de agosto. “A multa recai sobre o prefeito e o valor a ser cobrado depende de cada situação”, diz Carlos Cavalcanti.

Segundo ele, municípios com coleta e destinação adequada dos resíduos sólidos têm direito a 2% de acréscimo na receita repassada pelo Estado. “É um adicional para ser aplicado em melhorias no aterro sanitário, em usinas de compostagem e campanhas educativas. O ICMS Socioambiental pontua cidades que fazem sua tarefa”, explica.

Pernambuco produz cerca de dez mil toneladas de lixo por dia, quase quatro milhões de toneladas por ano. A produção diária do Grande Recife é de 4,9 mil toneladas, porém pouco mais de 500 toneladas de detritos não são recolhidas e ficam em ruas, canais, rios e terrenos baldios, todos os dias, de acordo com estudos do Instituto de Tecnologia de Pernambuco (Itep).

A secretária executiva das Cidades, Ana Suassuna, informa que no Grande Recife há dois aterros particulares licenciados – um em Jaboatão dos Guararapes e outro em Igarassu – que recebem o lixo de 11 cidades. Ipojuca implantou um aterro municipal, em Nossa Senhora do Ó, num terreno de 44 hectares, cercado para evitar invasões.

“Temos um aterro remediado e estamos trabalhando para transformá-lo em aterro sanitário até janeiro de 2015. O chorume é coletado e não contamina mais o solo, como antes”, garante a secretária de Infraestrutura de Ipojuca, Eryka Luna. Nos lixões, chorume é o líquido escuro e poluente resultante da decomposição de matéria orgânica.

As 63 famílias que moravam no depósito e catavam materiais recicláveis foram removidas, a área está impermeabilizada e, no momento, a prefeitura conclui a pavimentação da estrada de acesso ao aterro, um trecho de quase cinco quilômetros de extensão, saindo da PE-38. Ipojuca produz cerca de 100 toneladas de lixo por dia e está realizando estudos para implantar a coleta seletiva, separando recicláveis de resíduos orgânicos, diz a secretária.

Ivaldo Beltrão, secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Lourenço da Mata, disse que, de fato, os detritos continuam sendo depositados no lixão do município, mas a prefeitura estaria negociando um terreno para instalar o aterro. “Nossa área é licenciada e temos mais quatro meses para usar o lixão. Se até lá não conseguirmos um local próprio, vamos recorrer ao aterro de outra cidade”, declara.

Em Camaragibe, a prefeitura tinha cercado o lixão para impedir a entrada de catadores. A medida não surtiu efeito, os trabalhadores derrubaram parte da cerca e todos os dias vão ao depósito recolher recicláveis. O município pretende implantar uma Parceria Público-Privada para solucionar a questão. Já fez um chamamento público e aguarda os estudos das empresas interessadas.


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