Nem tão cedo moradores e visitantes do Sítio Histórico de Olinda vão desfrutar do Mercado Eufrásio Barbosa, no Varadouro. A obra de recuperação do prédio, prevista para começar em outubro de 2014, foi adiada por razões burocráticas. De acordo com a Secretaria de Turismo de Pernambuco, a Procuradoria-Geral do Estado pediu a atualização orçamentária do projeto. Só depois dessa análise terá início a licitação para escolha da empresa que vai executar o serviço.
O processo licitatório, informa a secretaria, dura 45 dias, se não houver questionamentos. Enquanto isso, com telhas e janelas quebradas e cheio de infiltração de água de chuva, o prédio continua se deteriorando, por dentro e por fora. A proposta do governo, elaborada pelo Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), é transformar o mercado num grande centro de arte, com salão para exposições, lojas para comércio e serviço, museu e restaurante.
“Nós estamos esperando a execução da obra, é só o que nos resta fazer. O Varadouro ficará com outra cara”, declara a artesão Lúcia Leite, que mantém um ateliê no mercado desde 1986. O marchand Romero Coutelo disse que está confiante no projeto, mas discorda de algumas intervenções anunciadas para a reforma do imóvel. “Disseram que as cinco portas hoje abertas para o Largo do Varadouro, da agência bancária à esquina da rua, serão fechadas, com acesso apenas interno a essas áreas. Isso vai acabar com a vida na frente do mercado”, opina.
Romero vende quadros de artistas olindenses no Eufrásio Barbosa há 12 anos. “Saí do prédio quando a prefeitura pediu para todos os lojistas desocuparem o mercado porque o teto iria desabar. Até hoje não caiu. Trabalho numa das lojas ao lado, mas não vendo praticamente nada aqui”, comenta o marchand.
A edificação foi interditada pela Prefeitura de Olinda em 2006. Sem os lojistas, passou a funcionar apenas com festas e atividades esporádicas, nas áreas liberadas para uso. Como a porta ficava aberta, o mercado virou reduto de vândalos, que entravam e saíam do lugar diariamente. Eles destruíram os boxes desativados dos locatários e deixavam um rastro de excrementos pelo chão. Em agosto deste ano, o município lacrou a porta, reforçando a interdição.
“O empreendimento do governo do Estado fará sucesso se forem incorporadas aos projeto as sugestões apresentadas pela comunidade”, avisa o pesquisador da cidade de Olinda José Ataíde. Um mercado público funciona bem quando representa a cultura do povo, no significado mais amplo da palavra, diz ele.