As novas vítimas da falta de recursos que assola do Estado são os alunos da rede pública de ensino. Entre eles, 738 estudantes da escola de referência mais famosa do Estado: o Ginásio Pernambucano, localizado no bairro de Santo Amaro, Centro. A duração dos turnos da instituição foi reduzida por causa da falta de almoço para os alunos. Ou seja, por não ter merenda a oferecer, a instituição tem que liberar mais cedo os estudantes.
Com o atraso no pagamento por parte do governo, a empresa que fornece a alimentação para a unidade de ensino suspendeu as entregas já na tarde de ontem. O corte também chegou a quatro outras escolas, todas localizadas na Zona da Mata de Pernambuco, de acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), mas cujos nomes não foram divulgados.
No início da tarde de ontem, deputados da bancada de oposição na Assembleia estiveram no Ginásio Pernambucano para ouvir o diretor da unidade, Afonso Reis Filho, sobre a medida. Foram informados de que a empresa Comida Pronta, sediada em Petrolina, no Sertão do Estado, havia suspendido o fornecimento de merenda em virtude do atraso no pagamento por parte do governo.
Através de sua assessoria de Comunicação, o Sintepe explica que recebeu a denúncia no final da tarde de ontem e que deve enviar uma equipe, na manhã de hoje, à unidade, para avaliar a situação e decidir que medidas deverão ser tomadas. “O que podemos adiantar é que o sindicato não concorda com essa medida, pois ela não condiz com o programa de escola em tempo integral”, explica a assessoria.
Fundado em 1825, o Ginásio Pernambucano permanece como uma das mais conceituadas unidades de ensino do País. Pelas suas bancas já passaram nomes como os escritores Ariano Suassuna e Clarice Lispector. O GP, como é tradicionalmente conhecido, foi transformado em escola integral durante a gestão do então governador Jarbas Vasconcelos (1999-2006), projeto que foi continuado durante o governo Eduardo Campos (2007-2014).
Através de nota, a Secretaria Estadual de Educação confirmou a suspensão do fornecimento do almoço no Ginásio Pernambucano. Explicou que, por isso, não houve aulas no turno da tarde de ontem. De acordo com o órgão, o problema era contratual e já na tarde ontem uma solução para o impasse foi encontrada. A secretaria afirma que o almoço voltará a ser fornecido já no dia de hoje e que as aulas da tarde voltarão a ocorrer normalmente.
Ainda de acordo com a nota, “a grade de aulas do dia de ontem foi organizada de maneira que os estudantes da unidade não perdessem conteúdo pedagógico, e as disciplinas previstas para o dia foram ministradas com carga horária menor”. Na quarta-feira, duas escolas da rede estadual em Camaragibe, no Grande Recife, também ficaram sem aula, só que o motivo foi falta de pagamento do aluguel dos imóveis onde funcionam as duas instituições. Cerca de 800 alunos foram atingidos. O impasse já foi resolvido.
