Grande Recife

Moradores de Olinda ficam ilhados com as fortes chuvas

Dez bairros tiveram alagamentos graves, 34 barreiras deslizaram e sete árvores caíram

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Publicado em 30/05/2016 às 20:10
Ashley Melo/JC Imagem
Dez bairros tiveram alagamentos graves, 34 barreiras deslizaram e sete árvores caíram - FOTO: Ashley Melo/JC Imagem
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Além de contabilizar três mortos e três feridos com deslizamentos de barreiras (foram 34 ocorrências do tipo) devido às fortes chuvas, o município de Olinda voltou a deixar inúmeros moradores completamente ilhados. Em alguns bairros, como Jardim Fragoso, Jardim Atlântico, Casa Caiada e Ouro Preto, residências e automóveis ficaram submersos. Conforme a prefeitura, houve alagamentos graves em dez bairros, transbordamento de quase todos os 34 canais da cidade, queda de sete árvores e desabamento de cinco imóveis e dois muros. Cerca de cem imóveis foram interditados por riscos de desabamento. Apesar disso, o abrigo municipal só recebeu 30 pessoas até as 19h.

Um trecho de 20 metros do calçadão da orla, em Bairro Novo, cedeu junto com parte do asfalto, e houve afundamento em outro ponto, provocando a interdição de 431 metros da Avenida Ministro Marcos Freire. “A barreira de contenção da água do mar está inteira, deve ter havido rompimento da tubulação devido a pressão da água, nunca se viu tanta chuva”, explica o secretário de serviços públicos de Olinda, Manoel Sátiro. “Vamos usar uma manta e sacos de areia para impedir a infiltração da água e evitar agravamento do problema. Quando a chuva passar faremos a recomposição definitiva”. Segundo ele, Olinda gasta R$ 2,5 milhões ao ano com serviços de manutenção na orla.

Conforme a Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o bairro de Jardim Fragoso foi onde mais choveu: 242 milímetros em 24 horas. Em vários pontos era possível encontrar pessoas se arriscando a caminhar no meio da água. Como o vigilante Josenildo da Silva, 40, que carregava a filha nos ombros para comprar pão para cerca de 50 pessoas abrigadas na casa de um vizinho, num primeiro andar. “Nossa casa ficou submersa. É muito triste comprar tudo com esforço e perder assim”, lamentou. 

Em outro trecho do bairro, o desempregado Erby da Silva, 30 anos, também perdeu tudo. Enquanto a mulher saía para procurar um lugar onde se abrigar com três crianças (uma acidentada), ele se juntou a dois amigos e improvisou um barco para transportar pessoas que não conseguiam sair ou chegar às suas casas caminhando. “Pela manhã tinha uns cinco fazendo esse serviço. Nós demos umas 15 viagens”, contou. O serviço custava R$ 5 ou R$ 10, dependendo da distância.

Todos os moradores ouvidos em Jardim Fragoso e Casa Caiada atribuem a situação ao alargamento da calha do Rio Fragoso, obra que faz parte da construção da Via Metropolitana Norte e se arrasta desde março de 2013. O secretário confirma. “O governo conseguiu recursos para tocar a obra e infelizmente coincidiu com o período de chuva e está trazendo transtornos. Mas é uma obra estruturadora para a cidade, que vai acabar com os alagamentos. Havia mais de duas mil casas dentro do canal”. 

Em Casa Caiada, o aposentado Maurílio Costa denunciava um poste prestes a cair na esquina da Avenida Carlos de Lima Cavalcanti com a Rua Dr. Elesbão de Castro. Lá também  o operador de telemarketing Thomaz Guimarães, 27, fez um vídeo de grande repercussão retirando a mãe (Giselda Guimarães, 68) de casa usando uma prancha de stand up paddle, com água na altura do pescoço.  Em Jardim Brasil, um dos muros que caiu foi o da Faculdade Aeso Barros Melo. As aulas já estavam suspensas e ninguém se feriu. Já em Rio Doce, em protesto aos estragos provocados pela chuva, moradores fecharam a Avenida Brasil no cruzamento com a Avenida México, na Segunda Etapa de Rio Doce. Outro movimento semelhante foi registrado no município vizinho, Paulista.

A pedido do Corpo de Bombeiros – que até as 19h já havia resgatado cerca de 60 pessoas ilhadas em Jardim Fragoso –, a Companhia Energética de Pernambuco (Celpe) desligou, remotamente, trechos da rede elétrica de Jardim Fragoso, Bairro Novo e Jardim Atlântico, por prevenção, pois o nível da água se aproximava dos medidores de energia. E deve restabelecer a energia quando houver segurança. A prefeitura disse que há mil pontos de risco na cidade e que as equipes estão nas ruas colocando lona, fazendo  remoção de entulhos, vistorias e podas de árvores.

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