Entrevista

Arquiteto diz que o Recife ganha com plano para Vila Naval

Audiência pública sobre o Plano Específico Santo Amaro Norte acontece nesta terça

Margarette Andrea
Cadastrado por
Margarette Andrea
Publicado em 22/08/2017 às 6:03
Divulgação
Audiência pública sobre o Plano Específico Santo Amaro Norte acontece nesta terça - FOTO: Divulgação
Leitura:

Arquiteto e urbanista, o presidente do Instituto da Cidade Pelópidas Silveira (ICPS), João Domingos, responde, nesta entrevista, a alguns questionamentos sobre o Plano Específico Santo Amaro Norte, que prevê diretrizes e parâmetros urbanísticos para a Vila Naval e Zeis Santo Amaro. A proposta é apresentada nesta terça, em audiência pública, no Ginásio Pernambucano da Avenida Cruz Cabugá. O ICPS coordenou a elaboração do plano. Para João, o projeto é bom para toda a cidade.

JC – O plano estabelece um número mínimo de duas edificações por quadra para o tereno da Vila Naval. Quantos edifícios, no total, podem ser construídos? 
JOÃO DOMINGOS – A proposta exige um número mínimo de edificações por quadra, de modo a evitar uma grande construção densa, garantindo a diversidade de formas e maior ventilação por entre as edificações. Não há regra para o número de edifícios a serem construídos, mas estão limitados à utilização do potencial construtivo definido e das regras de afastamento.

JC – São, pelo menos, 18 edifícios. Isso não vai saturar a infraestrutura local e piorar o trânsito?
JOÃO DOMINGOS – Estão previstos investimentos, em especial de mobilidade, com a priorização do transporte público na Avenida Cruz Cabugá e intervenções no sistema viário. Serão criadas ciclovias e calçadas mais amplas. O uso do automóvel será desestimulado em função da restrição da oferta de estacionamentos e do estímulo ao uso misto dos imóveis. O adequado adensamento populacional dos corredores de transporte deve ser sempre incentivado em áreas centrais.

JC – Não seria melhor se o município utilizasse o terreno como um grande parque?
JOÃO DOMINGOS – Por estar localizado numa área central e próximo a corredores de transporte, é importante promover uma maior dinâmica urbana, com a presença de moradia, comércio e serviço, para garantir a sua vitalidade. Mas a proposta amplia em mais de 35% as áreas verdes previstas, em comparação com os parâmetros atuais.

JC – O município pode garantir que os moradores da Zeis não serão alvo da especulação imobiliária?
JOÃO DOMINGOS – As Zeis possuem regramento próprio que as protege da especulação imobiliária, e não há qualquer iniciativa de se alterar estes princípios, pelo contrário, a proposta é ampliar e consolidar a área da Zeis, promovendo a implantação de mais habitações de interesse social no território, de modo a assegurar a permanência de toda a população residente no local.

JC – Como evitar que se crie um muro invisível na Avenida Cruz Cabugá, dividindo pobres e ricos?
JOÃO DOMINGOS – A proposta foi embasada no sentido de romper com essas barreiras físicas e sociais. A continuidade do tecido urbano existente, a exigência de uso misto no térreo (comércio e serviço), a proibição de muros e cercas, a oferta de equipamentos públicos comunitários no terreno da Vila Naval, a criação de praça e parque linear com espaços públicos qualificados e equipamentos de esporte voltados à comunidade, estimulam a sua utilização pelos diversos perfis socioeconômicos. O regramento urbanístico garante a diversidade de tamanhos de apartamentos, promovendo a presença de diversos perfis socioeconômicos. O incentivo à mobilidade ativa e a utilização do transporte público também corroboram para a vitalidade urbana e utilização conjunta do espaço público.

JC – Além da Marinha e das grandes construtoras, quem sai ganhando com a comercialização da Vila Naval?
JOÃO DOMINGOS – A cidade ganha mais mobilidade, com o alargamento da Avenida Cruz Cabugá (onde circulam 300 mil pessoas por dia); ganha com a ampliação de ciclovias; com melhorias no sistema viário e nos passeios públicos. Ganha também mais área verde, com a ampliação do Parque Linear Cais da Aurora; novos equipamentos públicos; mais segurança, ao adensar, habitar e movimentar uma área cercada por muros e espaços vazios; mais visibilidade para o patrimônio local (Cemitério dos Ingleses e Hospital  Santo Amaro); além de gerar emprego e renda, principalmente para os moradores da Zeis.

Últimas notícias