POLUIÇÃO

Água dos rios de Pernambuco recebe alerta de qualidade ruim ou regular

Com os índices negativos, alguns trechos da água analisada nos rios, são impróprias para uso, navegação ou abastecimento público

Bianca Sousa
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Bianca Sousa
Publicado em 26/03/2018 às 18:07
Foto: Diego Nigro/Arquivo JC Imagem
Com os índices negativos, alguns trechos da água analisada nos rios, são impróprias para uso, navegação ou abastecimento público - FOTO: Foto: Diego Nigro/Arquivo JC Imagem
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A qualidade dos rios pernambucanos está no limite dos padrões definidos pela legislação. Este índice não deve ser considerado favorável, mas sim, um alerta para a população. Quatro pontos de coleta avaliados pela Fundação SOS Mata Atlântica - ONG ambiental brasileira, possuem qualidade de água regular, e outros dois têm qualidade ruim. A água recebida em algumas regiões do Estado, refletem a precária condição ambiental das bacias hidrográficas.

Os rios Capibaribe, Una, Sirinhaém e Beberibe foram analisados pela ONG, nos períodos de março de 2017 a fevereiro de 2018. Dois pontos do Rio Capibaribe, em Recife, apresentam situação ruim, sendo impróprio para consumo, navegação, irrigação e abastecimento público.

Além da capital pernambucana, os trechos de rios que passam por Olinda, Sirinhaém e São José da Coroa Grande também foram coletados. A situação regular dominante nos índices da pesquisa, são uma marca de vigilância em relação à situação hidrográfica. De acordo com a Política Nacional de Recursos Hídricos, “assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água, em padrões de qualidade adequados aos respectivos usos”, são um dos objetivos coletivos que devem ser implantados na sociedade e executados pelo Governo.

Educar a sociedade é a garantia da melhoria da qualidade da água

Lixos jogados nos rios e dejetos lançados por esgotos irregulares integram os principais fatores que contribuem para o resultado desfavorável. “Ao reconhecer os rios como espelhos da qualidade ambiental das cidades, regiões hidrográficas e países, conseguimos identificar rapidamente os valores da sua comunidade, a condição de saúde na bacia e de desenvolvimento“, destaca Marcia Hirota, diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica.

Medidas educativas para uma melhor condição da água são um dos métodos implantados em alguns municípios. O Águas do Agreste, projeto de ensino, pesquisa e extensão que percorre as cidades da região, são uma das ações voluntárias que conscientizam a população. Na atividade, são coletadas amostras de águas de escolas estaduais e depois analisadas em laboratório. O professor e doutor Agenor Jácome, fundador do projeto, conta que no início do programa, em 2008, 70% das escolas do Agreste apresentavam contaminação na água. Hoje, o percentual caiu para 40%, após o ensino correto do uso da água.

“As crianças são multiplicadores do conhecimento. Se elas aprendem a verdadeira importância da água, consequentemente, passarão isso para outras pessoas, garantindo um bom futuro para o meio ambiente e para nós”, diz Jácome.

Coliformes fecais são os principais componentes da água poluída

Os danos da poluição nos rios podem ser sentidos por quem consome a água imprópria para uso. Luciano Luis da Silva, de 38 anos, se deparou com uma situação nada agradável ao abrir a torneira da sua residência, que fica na Comunidade do Pilar, no Bairro do Recife. A água recebida pelos encanamentos da Compesa, responsável pelo saneamento básico do Estado, apresentava coloração avermelhada e inadequada para usar na alimentação ou higiene pessoal. “Não só eu, mas a comunidade toda recebeu a água assim. Já é a segunda vez neste ano que acontece isso”, conta o rapaz.

De acordo com a Compesa, as captações da água distribuídas para as casas são coletadas nos rios Capibaribe, Beberibe e Sirinhaém. E, mesmo com a grave poluição dos rios, "a água passa por um rigoroso processo de tratamento antes da sua distribuição".

Mas, o perigo está na poluição que não se vê a olho nu. “Os coliformes fecais são os mais encontrados nas águas. Um dos responsáveis por poluir e causar doenças a quem faz a utilização dela. Rotavírus, Febre Tifóide, Cólera e Salmonelose são algumas das doenças causadas pelas bactérias presentes na água poluída. Destas, a Cólera pode ser mortal, quando não diagnosticada recentemente”, destaca Jácome.

Malu Ribeiro, coordenadora do estudo e especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, destaca que, “para que os indicadores reunidos nesse estudo possam se traduzir em metas progressivas de qualidade da água nos milhares de rios e mananciais das nossas bacias hidrográficas, é fundamental que a Política Nacional de Recursos Hídricos seja implementada em todo território nacional, excluindo os rios de classe 4 - condição de qualidade da água ruim - da legislação brasileira“.

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