Urbanismo

Governo sem data para instalar chuveiros no calçadão de Boa Viagem

O projeto prevê a colocação de 110 chuveiros nos oito quilômetros da orla do Pina e Boa Viagem, na Zona Sul do Recife

Da Editoria Cidades
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Publicado em 08/06/2018 às 8:08
Foto: Guga Matos/JC Imagem
O projeto prevê a colocação de 110 chuveiros nos oito quilômetros da orla do Pina e Boa Viagem, na Zona Sul do Recife - FOTO: Foto: Guga Matos/JC Imagem
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A Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer de Pernambuco anunciou, em maio de 2016, a instalação de 110 chuveiros no calçadão das Praias do Pina e de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife. Iniciada em maio de 2017, a obra estava prevista para terminar em outubro do mesmo ano. Passados oito meses do prazo de conclusão não há um único chuveiro implantado na orla.

“Sinto falta de chuveiro de água doce para refrescar o corpo. Principalmente agora, por causa dos tubarões, não molho nem os pés no mar. Quando o calor aperta uso os chuveiros colocados na areia, mas a água é salgada”, diz a bancária aposentada Jesuína Damasceno. Ela mora em Teresina (PI) e está visitando o Recife com a irmã e uma sobrinha. Nenhuma delas entrou no mar de Boa Viagem, nessa quinta-feira (07/06) pela manhã.

A funcionária pública Gorete Damasceno, irmã de Jesuína, disse que só toma banho de mar em Boa Viagem nas piscinas que se formam entre a areia e os arrecifes naturais durante a maré baixa. “Com os ataques de tubarão, o chuveiro prometido para o calçadão faz mais falta ainda”, declara Gorete, em férias na cidade.

“Sou de São Paulo, estou morando em Pernambuco há três meses e nesse pouco espaço de tempo aconteceram dois ataques a banhistas em Piedade (Jaboatão dos Guararapes), não entro no mar de jeito nenhum. Com essa água cheia de tubarão, o chuveiro seria uma ótima alternativa”, observa o policial Diego Teixeira. Ele aproveitava o dia de folga, quinta-feira (7), na Praia de Boa Viagem.

As amigas Flávia Souto Maior e Paloma Reis consideram os chuveiros “totalmente necessários” para os banhistas. “Não tem problema nenhum o serviço ser pago, ele é opcional, usa quem quer”, afirma Paloma Reis, que trabalha na área de turismo. “Por causa dos tubarões, só entro na água aqui em Boa Viagem nas piscinas da maré baixa, os chuveiros são bem-vindos”, diz a advogada Flávia Souto Maior.

Comerciante num quiosque de coco, Jailton da Silva disse que viu os reservatórios de água que iriam abastecer os chuveiros serem construídos no calçadão. “Na época, o governo colocou propaganda dos chuveiros nos tapumes em volta da obra, mas o trabalho não passou disso. Até os clientes perguntam pelos chuveiros”, destaca o comerciante.

“O projeto não andou, a gente oferece chuveiro aos clientes bombeando água na areia. É salgada e não tem problema com tubarão”, brinca o comerciante Ageu Maximiano, que trabalha próximo da Padaria Boa Viagem. “As pessoas tomam banho na água salobra, mas nem todos gostam. Cada caixa dessa na areia, parecendo um túmulo, é uma bomba d’água”, diz o comerciante Fábio José Francisco dos Santos, vendedor de bebidas no trecho próximo ao Edifício Acaiaca.

Governo

A implantação dos chuveiros é um projeto da Secretaria de Turismo, Esportes e Lazer do Estado, por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur). Com o dinheiro da obra, R$ 2,3 milhões financiados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), seriam colocados 110 chuveiros nos oito quilômetros de extensão da orla, construídos sete reservatórios de água e implantados os ramais hidráulicos.

Procurada para explicar o motivo da demora na execução do serviço, a secretaria limitou-se a enviar uma nota de esclarecimento pela assessoria de imprensa. De acordo com o texto, os sete reservatórios de água que alimentarão os 55 pontos duplos, totalizando 110 chuveiros, já foram implantados no calçadão do Pina e de Boa Viagem. Porém, a negociação com a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) para instalação dos chuveiros não tem prazo para terminar.

Caberia à Compesa, segundo informações divulgadas pelo Prodetur no ano passado, fazer a licitação para escolha da empresa que iria administrar o serviço. A proposta prevê chuveiros automáticos que serão destravados por cartão à venda nos quiosques de coco. A Prefeitura do Recife e a Compesa são parceiras do projeto.

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