Embora a Polícia Civil de Pernambuco informe ainda não ter certeza de que os 11 homens mortos anteontem em Alagoas, por policiais civis daquele Estado, tenham participado da explosão à Agência Bradesco de Águas Belas, no Agreste pernambucano, um dos delegados que comandou a operação assegura ter “certeza absoluta” disso. Diretor da Divisão Especial de Investigações e Capturas (Deic), Fábio Costa afirma que além de recuperar uma caminhonete utilizada na ação em Águas Belas, também há confirmação de que o dinheiro encontrado com o grupo (cerca de R$ 117 mil) é da agência. Pelo menos um pernambucano foi identificado entre os mortos, com os quais também foram apreendidos fuzis, escopetas calibre 12, pistolas, explosivos, munições, coletes à prova de balas e balaclavas.
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Conforme o delegado, não houve nenhuma participação da Força-Tarefa Bancos de Pernambuco nem nas investigações nem no cerco aos suspeitos. “Era um grupo com atuação no Norte/Nordeste e vinha sendo investigado há meses pela Deic. Eles praticavam assaltos praticamente toda semana, às vezes mais de uma ação e em todas utilizavam reféns”, salientou.
Questionado sobre como se sentia diante da polêmica gerada com a morte de 11 suspeitos enquanto policiais teriam saído apenas com pequenas escoriações do confronto, o delegado respondeu: “Eu estou muito feliz por ter voltado para casa vivo. Esse grupo era extremamente perigoso, vinha aterrorizando a sociedade, recebeu nossa equipe com tiros de fuzil e temos muita sorte de estarmos vivos. Estou muito tranquilo”.
EXPLICAÇÕES
A Comissão de Direito Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil local encaminhou ofício ao secretário de segurança solicitando esclarecimentos sobre o “suposto confronto”, destacando preocupação com a divulgação de fotos e imagens chocantes pelas redes sociais. “Por meio destas, são criadas e especuladas várias hipóteses para o caso, além de demonstrar um verdadeiro desprezo pela vida humana”, diz o documento. A Polícia Civil de Alagoas nomeou uma comissão para investigar as circunstâncias da operação. Já a Associação do Servidores da Polícia Civil do Estado (Aspol) avisa que vai pedir concessão de elogio à equipe, considerando a ação “legítima” e a “excelência da investigação” da polícia alagoana.
A OPERAÇÃO
A Operação Cavalo de Troia aconteceu em Santana de Ipanema, no Sertão alagoano, em uma casa onde grupo teria se reunido após o ataque ao Bradesco, que ficou marcada por muitos tiros e sangue. Até às 20h de ontem, foram identificados entre os mortos André Luiz de Morais Lima, 30 anos, de Serra Talhada (PE), Adeildo de Souza Timóteo, 23, de Aracaju (SE); Adejane da Silva, 30, Carlos Alberto de Lima, 30, e Evandro Paula Lima Silva, 34, de Alagoas; José Gutemberg Nogueira Santos, 26; Francisco das Chagas Vieira de Barros, 32, e Cristiano Rômulo de Souza Rodrigues, 24, ainda sem identificação de origem.