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Metrô: superintendente acredita que conseguirá verba para continuar operando

O corte foi de 43% em relação ao orçamento do ano passado

JC Online
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Publicado em 07/02/2018 às 14:58
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O corte foi de 43% em relação ao orçamento do ano passado - FOTO: Foto: Ashlley Melo/JC Imagem
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Após a divulgação do corte no orçamento do metrô e a possível redução da operação, o superintendente do metrô do Recife, Leonardo Villar Beltrão, afirmou, em entrevista ao JC Online, que já enviou ao Ministério das Cidades uma justificativa sobre a insuficiência do orçamento destinado este ano. O corte foi de 43% em relação ao do ano passado e ameaça que o metrô passe a operar apenas de segunda a sexta-feira, nos horários de pico.

"Todo ano a gente já tem corte de verba. Todo ano o orçamento é insuficiente. Após a gente receber, a gente faz uma justificativa dizendo que o orçamento não é suficiente e as consequências da não-vinda da verba e entrega ao Ministério", explica Leonardo. O orçamento para os metrôs das cinco praças (Recife, Natal, João Pessoa, Maceió e Belo Horizonte), que no ano passado foi de aproximadamente R$ 260 milhões, foi reduzido para R$ 139,7 milhões.

Segundo Leonardo, para o metrô do Recife funcionar normalmente, o orçamento anual deveria ser de R$ 120 milhões, mas o valor destinado pelo ministério para a capital pernambucana foi de R$ 60 milhões. "A gente aguarda que esta definição (do Ministério, sobre o aumento do orçamento) aconteça até o dia 20 deste mês ainda. Acho que temos que ficar tranquilos. O Ministério sempre tem aportado recursos para o metrô do Recife. A gente acredita que vai continuar deste jeito", relatou Leonardo.

Corte no orçamento

O metrô do Recife corre o risco de operar apenas de segunda a sexta-feira, nos horários de pico, com o orçamento previsto para o ano de 2018. A informação consta em ata de reunião realizada no último dia 30 e assinada por representantes das cinco praças da estatal. A paralisação total dos trens não foi descartada. Além da capital pernambucana, Natal, João Pessoa, Maceió e Belo Horizonte, que também têm a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) como operadora do transporte público, vão passar pelo mesmo esquema de funcionamento, o que não inclui os finais de semana. No total, mais de 600 mil serão prejudicadas com o novo modelo de operação.

Na reunião, ocorrida no Recife, foi marcada inclusive a data, 5 de março próximo, para que as composições passem a operar com horário reduzido. "Caso não seja respondido positivamente à recomposição da LOA (lei orçamentária anual), ou ainda suplementação orçamentária para cobertura do déficit pelos ministérios Cidades/Planejamento até o dia 20/02/2018, as superintendências verificam como a alternativa menos danosa a de operar no horário de pico de segunda a sexta-feira a partir de 05/03/2018, sem prejuízo de reestudo e eventual paralisação total do sistema", diz a ata. São considerados horários de pico de 5h às 9h00 e das 16h às 20h.

Repercussão

Em posição contra os cortes no orçamento do metrô, o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SINDMETRO-PE) afirma que a manutenção do sistema vai ser ainda mais prejudicada. "Com este corte, a segurança, que é feita em parceria privada vai ser ainda mais prejudicada. "Denunciamos há anos a situação que os usuários passam todos os dias e estamos convencidos que isso vai piorar", explica Levi Arruda, que é o diretor de comunicação do sindicato.

Atualmente, a Linha Centro, que liga os municípios de Jaboatão e Camaragibe ao Centro, tem o intervalo entre 4 e 7 minutos das composições, enquanto a Linha Sul tem um intervalo médio de 8 minutos. Com a redução do funcionamento para os horários de pico, Arruda acredita que vai "ultralotar" os equipamentos. "Todos os dias os passageiros já passam por lotação no metrô, justamente por causa da falta de investimentos. Com a alteração vai ficar ainda pior", conta.

Ainda de acordo com Levi, a redução orçamentária é um indício de uma tentativa de privatização do sistema. "Os metroviários já sofrem no cotidiano com o estresse e a falta de condições de trabalho. Acredito que com uma possível privatização, o momento é de risco para a categoria, com a atual flexibilização do trabalho proposto pelo Governo", ainda fazendo alusão à reforma trabalhista.

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