ARMAMENTO PESADO

Policial militar de Alagoas é preso em Jaboatão comprando bazuca

Também foram presos outros dois homens, envolvidos na negociação; segundo a polícia, o artefato seria usada para cometer crimes

JC Online
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Publicado em 07/08/2018 às 14:46
Foto: Cortesia / PCPE
Também foram presos outros dois homens, envolvidos na negociação; segundo a polícia, o artefato seria usada para cometer crimes - FOTO: Foto: Cortesia / PCPE
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Atualizada às 17h50

Gedalias Miguel da Silva, cabo da Polícia Militar de Alagoas, foi preso no bairro de Santo Aleixo, Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na segunda-feira (6). Ele, que é lotado no 6º Batalhão alagoano, estava em Pernambuco para auxiliar nas negociações de uma bazuca.

O artefato era negociado por R$ 12 mil, pagos a André Filipe Cardoso Lemos Santiago, que é colecionador de armas, e contou à polícia que adquiriu a bazuca em um leilão do Exército. Também participava da negociação Charles Francisco Dantas Júnior, que acompanhava o PM no momento da compra. Os três homens foram autuados em flagrante.

A prisão ocorreu por volta das 12h, nas proximidades do posto Pichilau, BR-232. A polícia também apreendeu com os suspeitos uma pistola PT-100, pertencente à PM de Alagoas, pertencente a Gedalias, e um revólver calibre 357, de André Filipe, além de 90 munições calibre 38. Os homens foram levados para o Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri).

A Polícia Civil de Pernambuco afirmou que vai divulgar em breve todos os detalhes da prisão, em coletiva cujo horário está para ser anunciado.

Polícia Militar de Alagoas

Segundo a polícia alagoana, o flagrante deverá ser anulado, pois a bazuca seria obsoleta, não configurando crime a comercialização. Em nota, a PM de Alagoas afirmou que aguarda a confirmação da prisão do cabo Gedalias, para que a Corregedoria realize “providências” quanto ao caso.

O homem que acompanhava o cabo na compra, Charles Henrique, já respondeu processo por roubo, sendo absolvido, e responde atualmente por um homicídio qualificado, ocorrido no bairro da Macaxeira, Zona Oeste do Recife, em 2014.

Defesa dos envolvidos

René Dias, advogado do cabo Gedalias e de André Filipe, afirmou que a prisão foi um mal-entendido. O policial e André seriam "CAC", colecionadores de armas cadastrados, devidamente registrados, e a negociação estava sendo feita de forma legal. Os dois são instrutores de tiro. A bazuca dataria da Segunda Guerra Mundial, e não seria utilizável. Segundo o advogado, mais de 20 policiais de Alagoas estiveram presentes na audiência de custódia do caso, sob comoção.

Segundo Dias, a defesa e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) pediram pela liberação de Gedalias e André. Mesmo assim, o juiz decretou a prisão preventiva dos dois, além da terceira pessoa, Charles Henrique. O cabo, que é nascido em Pernambuco, foi encaminhado para o Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed); André e Charles foram levados para o Centro de Triagem Professor Everardo Luna (Cotel).

A bazuca será periciada pelo Instituto de Criminalística (IC), para que seja verificada a utilidade ou não como arma de fogo do artefato militar.

Em depoimento na audiência de custódia, o suspeito Charles Henrique, que já foi presidiário no Aníbal Bruno, afirmou que havia se infiltrado em um estande de tiro a mando de outro detento, que atenderia pelo apelido de "Caruaru". A intenção dele seria conseguir contatos no meio dos colecionadores para, assim, conseguir um canal que repassasse armamento de maior poder ofensivo. Estas compras seriam destinadas a criminosos.

Charles, que travou amizade com o cabo Gedalias, teria ouvido falar de alguém que queria vender uma bazuca, que pertenceria a André Filipe. No depoimento, Charles afirmou que no dia 4 de agosto teria participado da coleta e transporte de uma metralhadora, mais a quantia de R$ 600, a mando de "Caruaru" para outra pessoa em Ipojuca. No dia seguinte, Charles teria informado a "Caruaru" sobre a bazuca. O suspeito entrou em contato com André através de Gedalias, para adquirir o que ele achava ser uma arma de alto potencial destrutivo.

Informantes avisaram a Polícia Civil sobre a transação e, depois disso, as prisões foram efetuadas.

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