SAÚDE

Microcefalia: pesquisadores da Fiocruz Pernambuco começam a monitorar os partos

Estudo investiga se há fatores associados à infecção do vírus zika na gravidez e relacionados à anomalia

Cinthya Leite
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Cinthya Leite
Publicado em 26/01/2016 às 6:04
Diego Nigro/JC Imagem
Estudo investiga se há fatores associados à infecção do vírus zika na gravidez e relacionados à anomalia - FOTO: Diego Nigro/JC Imagem
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Cinco maternidades do Recife começaram a receber pesquisadores da Fiocruz Pernambuco que investigam fatores de origem infecciosa, genéticos e ambientais que possam estar ou não associados à infecção pelo vírus zika na gestação e possivelmente relacionados ao avanço dos casos de microcefalia. Os partos estão sendo monitorados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, no Barão de Lucena e Agamenon Magalhães, como também nas Maternidades Bandeira Filho e Professor Barros Lima.

“Desde 14 de janeiro, investigamos cinco recém-nascidos com suspeita de microcefalia, além de outros dez que nasceram sem a malformação”, diz a pesquisadora visitante do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (unidade da Fiocruz Pernambuco), Celina Turchi Martelli. Ela é coordenadora do estudo cujo objetivo é conhecer o perfil de 200 recém-nascidos com microcefalia e compará-los com as características de 400 bebês sem a anomalia congênita

“Estamos numa fase piloto, em que testamos os procedimentos. Em maio, resultados parciais devem ser apresentados. A previsão é que possamos concluir a pesquisa de setembro a outubro se o volume de casos (bebês que nascem com suspeita de microcefalia) continuar com a tendência atual”, estima Celina. 

Para investigar fatores que levaram a um aumento do número de casos, os pesquisadores analisam medicações que as mães usaram na gestação, vacinas administradas, utilização de inseticidas em domicílio, possível aparecimento de manchas vermelhas na pele durante a gravidez e problemas de saúde que possam ter aparecido nessa fase. Também é investigada a existência de doença genética na família. “Essa investigação é fundamental para analisar o possível vínculo da microcefalia com o zika”, frisa Celina. As mães têm o sangue coletado, e os bebês passam por exames de imagem. Na sala de parto, é coletado o sangue do cordão umbilical. Nele, é analisado se há presença do zika.

Em Pernambuco, mais duas pesquisas estão para ser iniciadas. Entre eles, um estudo que investigará 150 crianças com a malformação. “Vamos acompanhá-las nos dois primeiros anos de vida para analisar como se desenvolvem. Observaremos ainda se elas apresentarão possíveis complicações tardias em consequência da microcefalia”, informa o médico infectologista Demócrito de Barros Miranda-Filho, professor da Universidade de Pernambuco (UPE). 

A outra pesquisa analisará 500 mulheres que, durante a gestação, apresentarem manchas vermelhas na pele, além de outras 200 grávidas sem esse quadro clínico. “Queremos conhecer qual a probabilidade da gestante que tem infecção pelo zika ter um filho com microcefalia”, diz o epidemiologista Ricardo Ximenes, professor da UPE e da UFPE. Além disso, será analisada em que período da gestação a infecção pelo vírus oferece maior probabilidade de a mãe dar à luz um bebê com microcefalia. “Também vamos investigar se uma infecção tardia (no segundo e terceiro trimestres da gravidez) causa outra consequência que não seja a microcefalia.” 

Na segunda-feira (25) a Organização Mundial da Saúde alertou que o zika deve atingir todo o continente americano, com exceção do Canadá e Chile. O vírus está presente em 21 dos 55 países e territórios das Américas. 

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