O uso indiscriminado de fogos de artifícios e a presença de fogueiras nas ruas e calçadas nesta temporada de festas juninas aumentam o risco de queimaduras, que podem causar desde feridas leves a graves sequelas, como mutilação de membros, lesões na face e queimaduras de terceiro grau – aquelas que, de tão profundas, danificam as terminações nervosas da pele.
“Não existem fogos de artifício inocentes. Eles são um perigo até mesmo nas prateleiras das barracas onde são vendidos”, alerta o o diretor do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital da Restauração (HR), Marcos Barreto. No serviço, que é referência no atendimento de casos de queimaduras graves, registra-se um aumento de até dez vezes no número pacientes que sofrem acidentes ocasionados por fogos e fogueiras durante os festejos de São João, em comparação com outros períodos do ano.
“A cada mês, recebemos 280 pessoas que sofrem queimaduras por diversas causas. Desse total, seis a sete casos são por fogos de artifício. Durante as festas juninas, são registrados até 70 acidentes desse tipo”, informa Marcos. Só este mês, o serviço já recebeu 17 pessoas com queimaduras causadas por fogueiras e fogos de artifício. Quatro precisaram ser internados. Entre eles, três são crianças.
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“O tipo de acidente mais preocupante nesta época do ano é aquele que incendeia a roupa das vítimas e causa queimaduras de terceiro grau”, destaca Marcos. Para evitar acidentes, o cuidado deve começar na compra dos fogos. As barracas devem ter atestado de regularidade visível para o consumidor e extintor de incêndio de fácil acesso. “Deve ser fixada na barraca uma placa com o aviso sobre proibição de fumo. Outra orientação é não fumar nas proximidades do local onde os fogos são vendidos”, alerta o major Aldo Silva, chefe do Centro de Comunicação Social do Corpo de Bombeiros Militar de Pernambuco.
Ele acrescenta que as barracas também devem estar a pelo menos 100 metros de postos de combustível, 30 metros de locais de concentração de público e 15 metros de residências. “Além disso, entre uma e outra barraca, a distância mínima deve ser de 8 metros.” Outra dica é observar a data de validade dos fogos, assim como não usar materiais de fabricação caseira. Também é importante disparar fogos ao ar livre, longe de árvores e da rede elétrica.
No caso de queimaduras, o major Aldo recomenda que o local da lesão seja lavado imediatamente com água corrente. “Em seguida, pode-se colocar um pano úmido em cima do ferimento e procurar a uma unidade de saúde. Casos graves devem ir para o Hospital da Restauração. Outro detalhe importante é não usar gelo, que agrava o ferimento.” Ele ainda destaca que nunca se deve aplicar cremes, pomadas ou qualquer outro produto na lesão, pois eles podem complicar a queimadura.
A cirurgiã plástica Telma Rocha, do SOS Queimaduras e Feridas do Hospital São Marcos, orienta que os adultos não podem ficar desatento diante das crianças que manuseiam fogos. Até mesmo o traque de massa, aparentemente inofensivo, pode causar acidentes. “Se for estourado na mão, há o risco de a criança coçar os olhos, que ficam irritados com o material do traque de massa. Qualquer fogo de artifício é traiçoeiro. Portanto, cautela nunca é demais”, frisa Telma.