Teatro

Marieta Severo vive história de dor e reflexão em "Incêndios"

Atriz entra em cartaz no Recife, de quinta (2) a domingo (5) com espetáculo dirigido por Aderbal Freire-Filho

Mateus Araújo
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Mateus Araújo
Publicado em 02/04/2015 às 6:52
Leo Aversa/Divulgação
Atriz entra em cartaz no Recife, de quinta (2) a domingo (5) com espetáculo dirigido por Aderbal Freire-Filho - FOTO: Leo Aversa/Divulgação
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O convite à plateia para desvendar os mistérios que permeiam a história da família recém-abalada pela morte da matriarca está posto logo no início de Incêndios. Devastados, dois jovens gêmeos (uma moça e um rapaz) recebem como testamento da sua mãe a tarefa de descobrir suas próprias origens. “Há verdades que não podem ser reveladas, precisam ser descobertas”, diz a atriz Marieta Severo, relembrando uma das frases marcantes do espetáculo que encena de hoje até domingo no Teatro de Santa Isabel.

No Teatro Faap, em São Paulo, quando esteve em cartaz de setembro a dezembro do ano passado (após uma também disputada temporada carioca), o silêncio predominante do público no início convidativo da peça até o final revelador (e arrepiante) traduzia com precisão o caminho pelo qual o diretor Aderbal Freire-Filho conduziu sua versão do texto do autor libanês Wajdi Mouawad. O escritor, apontado como um dos grandes nomes da dramaturgia contemporânea mundial, transcreve de maneira instigante para sua peça as marcas dolorosas das guerras, sobretudo as das perdas e injustiças. 

 

 

Com elogiadas adaptações ao redor do mundo e um longa-metragem dirigido por Denis Villeneuve, indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Incêndios – pela primeira vez montada no Brasil – coloca no centro do enredo a árabe Nawal, uma mãe aniquilada socialmente pela guerra civil do Líbano, fazendo dela, ao mesmo tempo, a maternidade que interliga várias histórias paralelas.

“Não é uma mulher fácil, e não só pela história de vida. O destino é cruel com ela e a coloca nas piores enrascadas. Viver essa mulher com essa vida trágica e colocá-la em cena toda noite com a densidade dela e com o tom que Aderbal pede aos seus atores não é fácil. O tom é o trágico, para que os personagens não caíam no melodramático, que não sejam piegas”, conta Marieta, intérprete da personagem. Com a comedida e certeira encenação proposta pelo diretor e bem defendida pelo elenco, é impossível não ser tocado pela montagem.

A engenhosa dramaturgia de Wajdi narra a saga de Nawal de maneira não-linear. A partir da morte da mulher, os filhos dela (interpretados por Felipe de Carolis e Keli Freitas) e o público revivem a trajetória da matriarca, que por décadas esteve imersa nos conflitos civis. A qualidade do espetáculo rendeu prêmios como o APTR (Associação de Produtores de Teatro do RJ) e o Shell.

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