Se comunicar com as crianças é missão trabalhosa. Os pequenos talvez formem o mais honesto dos públicos, arregalando os olhos de encantamento quando estão diante de algo que lhes fascina ao mesmo tempo em que não têm pudores de virar as costas diante daquilo que os entendia. Por isso, desenvolver uma pesquisa que dialogue diretamente com elas é a preocupação de artistas como Luciano Pontes e sua Cia Meias Palavras. Completando cinco anos de atividades, ele encena o primeiro espetáculo do projeto, Seu Rei Mandou, quinta-feira (12), na Caixa Cultural.
Nascida da vontade de Luciano de unir suas funções de ator, escritor e ilustrador, a Cia Meias Palavras surgiu em um contexto de “renascimento” de teatro para a infância em Pernambuco, que após o boom dos anos 1980 e 1990, passou por um período de ostracismo.
Grupos e artistas locais, como a Cia Fiandeiros e a Biruta, interessados na linguagem, passaram a se debruçar sobre a necessidade de se reconectar com as crianças.
“É sempre um risco ter uma companhia que se dedique exclusivamente ao teatro para a infância, mas, para nós sempre foi importante dignificar o espaço da criança. O teatro para a infância é uma linguagem e precisa ser estudada, desenvolvida e respeitada como tal”, defende Luciano.
Seu Rei Mandou é o primeiro espetáculo da Meias Palavras e estreou há cinco anos, sendo visto por cerca de três mil espectadores. Apesar de manter sua essência, o trabalho tem entre suas principais características a interação com o público, o que torna única cada apresentação.
A dramaturgia utiliza histórias que desenvolvem o universo da realeza, através de elementos dos contos populares, para tratar de temas como tirania e bravura. Para tanto, são utilizadas ainda técnicas de teatro animado e música.
LEITURA
Na porta do teatro da Caixa Cultural, será montado um espaço itinerante de leitura. Antes de cada sessão, pais e filhos são convidados a folhear livros que inspiraram o espetáculo ou com temática semelhante. A ideia é estimular a leitura e garantir mais um momento de conexão entre pais e filhos.
“É uma maneira de complementar o espetáculo e também permitir que pais e filhos tenham outro momento de fruição juntos. A de contação de histórias tem perdido espaço, então fizemos questão de incentivar”, reforça.
