Com uma longa carreira artística, entre performances e obras estáticas, o artista pernambucano Daniel Santiago ganhou algo merecido há tempos: uma exposição individual no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), que inagura hoje, às 19h, e fica em cartaz até 8 de julho.
Do que é que eu tenho medo? é, nas palavras do homenageado, o resultado de uma “pesquisa arqueológica debaixo da cama”. As curadoras Cristiana Tejo e Zanna Gilbert deram luz às relíquias escondidas nos sacos plásticos da casa do artista.
Quem for à abertura não deve se assustar com a mulher pendurada por uma corda segurando a faixa O Brasil é o meu abismo. A artista Marie Carangi reproduz uma intervenção encenada pelo próprio Daniel há algumas décadas.
Um dos momentos interativos da mostra é a Floresta do Alheamento de Fernando Pessoa. Inspirado no poema do português, fitas brancas caem do teto e as pessoas recebem óculos em 3D para ver o “que nenhuma câmera pode captar”.
Na ala fantasmagórica da mostra, cartazes mostram Daniel encarnando autores como Augusto dos Anjos e Edgar Allan Poe. “Mas isso é ele (Augusto dos Anjos) mesmo. Não sou eu não”, garante o artista, apontando para um dos pôsteres.
A retrospectiva ainda conta com uma sessão audiovisual, com a exposição de vídeos experimentais feitos em webcam. O Movimento do plasma no interior da magnetosfera testemunha os processos eletrodinâmicos da misteriosa camada superior da atmosfera.
“Eu fui lá (na magnetosfera), mas não vá dizer a ninguém não, viu?”, confessa Daniel, que define os fenômenos imagéticos de seus filmes como uma espécie de microfonia visual. “O que parece luz é radiação gama. O que parece mentira é poesia”, diz o artista, lembrando o letreiro do filme.
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