Transformação

Renato Valle se reinventa em nova exposição na Galeria Dumaresq

Na mostra Escritos sobre pinturas ruins, o artista reapresenta quinze obras transformadas de sua coleção.

Beatriz Braga
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Beatriz Braga
Publicado em 17/12/2012 às 5:56
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Quando o químico francês Lavoisier sintetizou sua pesquisa sobre a conservação da matéria na frase “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” provavelmente não esperava que a máxima servisse também aos divãs humanos. A todos, sobretudo aos artistas, é mais fácil jogar fora, rasgar e apagar – quando algo produzido não convém – do que refazer. Mas nada vem por acaso e, em certo contexto, cada obra tem seu valor. Pensando nisso, o artista plástico Renato Valle resolveu recuperar as obras que o incomodavam – na técnica ou no conceito – e transformá-las e reapresentá-las. A exposição Escritos sobre pinturas ruins traz quadros que antes o inquietavam, e agora o satisfazem. A inauguração é nesta segunda (17), às 18h, na Galeria Dumaresq.

Uma oportunidade de se reinventar. Para Renato, quinze das pinturas que estavam espalhadas em galerias, com clientes ou guardadas não conseguiam transmitir o verdadeiro sentimento que havia imaginado. Depois de um conselho do seu psicólogo, Renato foi atrás dessas obras para fazer as pazes com os fantasmas de seu processo criativo.

“Foi uma forma de assumir que algo estava errado. Assumir uma série de questões que poderiam ter sido destruídas. Esses quadros eram pouco expressivos fora do contexto que pensei”. Veja galeria com fotos das obras originais e, depois, transformadas.

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Uma das telas, batizada de O sentido, traz (ou melhor, trazia) a figura de um suicida. Pela história e pela figura, o quadro não era bem quisto pelo pintor. “Eu não quero mais morrer” foi a frase que começou a desfigurar a primeira sensação da pintura original. Um belo quadro fala, agora, da vida. “Essa é uma linha que se diluiu com o tempo. Mesmo assim, a ideia da morte persiste. Tudo que pesa se tornou possível de ser sustentado”, diz o começo do texto que contorna um homem menos melancólico no novo quadro. 

Algumas das obras são retratos de pessoas como a irmã e a sobrinha do artista. Nesse último, Roberta foi pintada no sofá de olhos fechados, como se voltasse cansada de uma festa. A cliente achou bonito, comprou, mas devolveu porque olhava para Roberta e sentia que a personagem, ali, estava morta. Renato nunca mais conseguiu gostar do quadro. 

“Teve cliente que pediu para abrir os olhos da menina. Além disso, minha sobrinha é muito mais bonita que essa que pintei”, confessa. Na tela, a sobrinha usava um vestido colorido, vívido e elegante. O vestido ficou sozinho, flutuante, ardente e a mulher foi apagada. 

Leia  e matéria completa no Caderno C desta segunda (17). 

 

 

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