CRÍTICA

Cidades de Papel retrata com sensibilidade as dores da adolescência

Longa é baseado em obra de John Green, o mesmo escritor de A Culpa é das Estrelas

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 09/07/2015 às 6:00
Fox Films/Divulgação
Longa é baseado em obra de John Green, o mesmo escritor de A Culpa é das Estrelas - FOTO: Fox Films/Divulgação
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Alavancado pelo sucesso de vendas de A Culpa é das Estrelas, lançado em 2012 e adaptado para o cinema no ano passado, o escritor americano John Green se transformou no mais novo Midas de Hollywood. Como tudo em que toca vira ouro, a expectativa em torno de Cidades de Papel, que estreia nesta quinta-feira (09/7) em circuito nacional – duas semanas antes do lançamento americano – é estratosférica. Explica-se: só no Brasil, o longa anterior foi visto por mais de seis milhões de espectadores, a maior bilheteria de 2014.

Quarto romance de John Green e o segundo a virar filme, Cidades de Papel tem pouco a ver com A Culpa é das Estrelas. Apesar de ambas as histórias serem protagonizadas por adolescentes, o tom aqui é bem diferente, com a diversão própria da idade sobreponde-se sobre as dores do mundo e do amor. Sim, não há sombra de doença no filme, com exceção, talvez, do comportamento errático da personagem Margo Roth Spiegelman, que, embora não esteja presente em boa parte das cenas, é o centro da trama.

Vivida pela modelo gay/bissexual Cara Delevingne – namorada de Michelle Rodriguez, da franquia Velozes e Furiosos –, a misteriosa Margo é a musa e o motivo de viver de Quentin (Nat Wolf, de A Culpa é das Estrelas), um vizinho que se apaixona por ela à primeira vista ainda criança.

Como toda paixão amorosa, a paixão de Quentin por Margo é cega. E, pior, não correspondida. Isso, porém, não é motivo para Quentin desistir de Margo. Dirigido por Jake Schreier (Frank e o Robô), um diretor jovem, Cidades de Papel trata a adolescência como território de descobertas e buscas, um rito de passagem para a idade adulto que deixará marcas para o resto da vida.

A trama começa de verdade quando Quentin, depois de anos afastado de Margo – apesar da proximidade de uma cerca e de uma banca de escola –, é assombrado pela amiga numa madrugada. No meio do escuro, ela invade o quarto dele por uma janela, como fazia quando era criança, e lhe pede para ajudá-la numa vingança contra o namorado traidor e os amigos, que não lhe avisaram do que estava rolando.

Prontamente, Quentin faz tudo o que a menina quer, como se fosse uma grande aventura para ele, que é todo certinho. Do alto de um prédio, Margo diz para Quentin que a cidade onde vivem (Orlando, na Flórida) é de papel, habitadas por pessoas de papel – uma metáfora para o descontentamento dela com o mundo e com as pessoas. No dia seguinte à aventura, ao contrário de encontrá-la na escola e com uma história em comum para partilhar, Margo desaparece.

A procura por traços de seu desaparecimento e uma viagem para o interior de Nova Iorque, junto com os amigos da escola, toma mais da metade do filme. Mesmo com a presença de muitos clichês comuns aos filmes sobre adolescentes, não se pode negar que Cidades de Papel é um filme honesto sobre a sensibilidade masculina. Afinal, meninos se divertem. Mas, às vezes, também choram.

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