CINEMA

Cerimônia do adeus em A Viagem de Meu Pai, no Festival Varilux

Filme traz veterano Jean Rochefort em papel de grande destaque

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 16/06/2016 às 9:28
Mares Filmes/Divulgação
Filme traz veterano Jean Rochefort em papel de grande destaque - FOTO: Mares Filmes/Divulgação
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Aos 86 anos e mais de 150 participações no cinema e na TV – como ator e dublador –, Jean Rochefort é uma instituição do cinema francês. A um passo da aposentadoria, que vem ensaiando há três anos, o genial ator de O Marido da Cabeleireira – grande sucesso no Brasil, na década de 1990 – reaparece gigantesco em A Viagem de Meu Pai (ex-Flórida), um dos destaques do Festival Varilux, em cartaz nesta quinta-feira (16/6), no Cinemark RioMar, às 18h30, e no Moviemax Rosa e Silva, às 1840.

O diretor Philippe Le Guay esteve na comitiva do Varilux que visitou o Brasil na semana passada. Ele contou que passou seis meses para convencer o ator a interpretar o octogenário Claude, um industrial que sofre do Mal de Alzheimer. “Jean nunca disse que iria fazer o filme, mas o tempo foi passando e ele refez o personagem à sua maneira. Eu disse que Claude era apenas um personagem, que ele não tinha porque se impressionar com a questão da doença”, explicou.

Mais conhecido pela parceria com o ator Fabrice Luchini (As Mulheres do Sexto Andar e Pedalando com Molière), Le Guay adaptou a peça Le Père, de Florian Zeller, que fala da relação pai e filha: Claude e Carole (Sandrine Kiberlain), que assumiu a direção de uma fábrica de papel e agora administra os cuidados com a doença dele e das memória de outra irmã, já morta, e que o pai acha que ainda está viva.

Embora o tema da perda da memória e tudo o que acarreta na vida de uma pessoa (ou família) seja muito doloroso, o filme tem humor e leveza, com Jean Rochefort dando um magistral show de interpretação. Le Guay e Jérôme Tonerre, que assinam o roteiro, ultrapassaram em muito os limites da peça, pois o filme acontece quase todo na mente do octogenário. Como um discípulo de Alain Resnais, o cineasta intercala uma viagem de avião aos Estados Unidos, onde a filha morta morava, com o dia a dia de Claude, que não se cansa de se lembrar de suas memórias sexuais, de perseguir as cuidadoras e de culpar a filha.

A atuação de Jean Rochefort em A Viagem de Meu Pai talvez seja a última da carreira dele. Ainda há pouco, ele emprestou a sua voz para um dos personagens da animação Abril e o Mundo Extraordinário, que também faz parte da programação do Festival Varilux.

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