CINEMA

Destaque do Festival Varilux, Chocolate reabilita artista desconhecido

Diretor Rochsdy Zem fala sobre detalhes do filme, em cartaz nos cinemas do Recife

Ernesto Barros
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Ernesto Barros
Publicado em 18/06/2016 às 9:28
California Filmes/Divulgação
Diretor Rochsdy Zem fala sobre detalhes do filme, em cartaz nos cinemas do Recife - FOTO: California Filmes/Divulgação
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Filho de pais marroquinos pobres, o ator francês Roschdy Zem, 51 anos, cada vez mais tem ficado atrás das câmeras. Chocolate, seu quarto-longa-metragem como diretor, é o mais badalado do Festival Varilux 2016. Neste sábado (18/6),  o filme tem duas novas exibições no Recife: às 16h35, no Moviemax Rosa e Silva, e às 18h55, no Cinema São Luiz. Mas o mérito não é só de Zem: Chocolate não seria o mesmo filme se não tivesse o ator Omar Sy (Os Intocáveis e Samba, entre outros) como o personagem título. Na semana passada, durante sua passagem pelo Brasil, na comitiva do Varilux, o diretor respondeu ao repórter que Chocolate não poderia ser feito por outro ator senão Omar Sy.

Chocolate, nome de guerra do cubano Rafael Padilla, viveu um ostracismo secular. Desde o início do século passado, quando fez sucesso com o palhaço George Footit nos circos parisienses, que seu nome desapareceu. Só em 2012, quando Gérard Noiriel publicou a biografia Chocolat Clown Nègre: L"Histoire Oubliée du Premier Artiste Noir de la Scène Française, é que o nome de batismo dele foi revelado. Além da biografia e do filme, uma exposição também reergueu o legado de Padilla.

"Eu queria reabilitar um artista, porque todo mundo esqueceu Chocolate. É como se, no Brasil, ninguém conhecesse Pelé. O que me deixou muito curioso é como as pessoas esqueceram uma personalidade tão importante. Na história desse artista, havia coisas que só o cinema, com a sua riqueza, poderia mostrar. Falar do primeiro ator negro da França é muito importante e isso se torna uma alegoria para os dias de hoje. Nós estamos no meio de uma crise de imigração, com milhões de pessoas que chegam à Europa. É muito importante a gente saber qual a nossa reação ao recebê-las e o que fazer face a esse problema", argumentou o diretor.

Para contar a história de Chocolate, Zem recorreu a outro ator sensacional: James Thiérée, neto de Charles Chaplin, que faz o palhaço Footit, parceiro e mentor do palhaço negro. "James é um cara incrível. Eu tive a sorte de ter ele para fazer esse filme. Além de ator, James tem um grande conhecimento do circo. Fez todas as coreografias e transformou Omar em palhaço. Eles ensaiaram juntos durante um mês, num trabalho muito intenso, em que testemunhei o nascimento de uma dupla", revelou.

Outro momento de emoção, durante a pesquisa para o filme, foi a descoberta dos pequenos filmes dirigido pelos irmãos Lumière, que mostravam a performance de Footit e Chocolate. "A impressão que se tem é que eles se deixaram filmar só para agradar aos Lumière, que eles não estavam se importando com aquilo. Mas eu me emocionei muito quando vi os fragmentos e queria compartilhá-los com os espectadores", afirmou Zem.

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