Quando se fala no programa Amor & Sexo, a primeira crítica que expõem em demasia é do quanto ele é didático. Também pudera, em pleno século 21, Fernanda Lima ainda tem que ensinar às pessoas (muitas, diga-se de passagem) do quanto devemos valorizar e respeitar as diferenças de gênero. "50 minutos é sempre muito pouco para tanto assunto", disse a apresentadora. Mas o que a atração promoveu na edição desta quinta-feira (2), quando abordou o tema Diversidade, é exatamente como deveria ser uma verdadeira parada do Orgulho LGBT: com informação, diversão e militância na medida certa.
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No primeiro momento, após um manifesto de Fernanda Lima, com direito a cartazes de protesto da comunidade LGBT, o quadro chamado Telecurso do Gênero para explicar as diversas nomenclaturas desse universo foi esclarecedor para muita gente. Cisgênero, trans, binarismo, não-binários, fluidos, travesti, agênero, drag queen, entre muitos outros, mesmo de forma pincelada e muito resumida, foi um acerto para ter, ao menos, a mínima noção do que seriam essas identidades de gênero. O texto introdutório do quadro faz-se necessário ser difundido: "Isso não é de hoje, não é coisa de moda, isso não é papo do Amor & Sexo. A diversidade sempre existiu ao longo de toda a nossa história. A diferença é que hoje as pessoas não precisam viver escondidas ou frustradas por não poderem ser como se sentem de verdade".
Para incentivar, principalmente, a aceitação entre os LGBTs, os convidados escalados para o programa foram escolhidos a dedo: Liniker, As Bahias & Cozinha Mineira e MC Linn da Quebrada promoveram um show tanto de cultura geral, quanto de militância em suas performances e opiniões. O intuito de, como disse Fernanda Lima, separar desinformação do preconceito, foi a atmosfera que perdurou durante toda a atração. Pernambuco também teve voz no programa quando Marlon Parente, criador de Bichas - O Documentário, foi convidado a compartilhar a sua experiência, reforçando o empoderamento da classe.
Por ser um programa de entretenimento, Amor & Sexo também investe nos momentos divertidos, mas não gratuitos. Um pequeno concurso para eleger a melhor drag queen cantora (aliás, o que foi Ivana Wonder cantando Carlos Gardel?) e quem arrasa no bate-cabelo celebrou a alegria que a diversidade sexual traz consigo. E nos diversos números musicais, o manifesto de Liniker ao interpretar Geni e o Zepelim, de Chico Buarque, foi um soco no estômago do telespectador, levando a uma importante reflexão sobre a crescente violência que sofrem os travestis, transexuais, homossexuais e bissexuais pelo mundo. Fernanda Lima também divulgou as diversas formas de denunciar tais abusos no Brasil.
CONSCIENTIZAÇÃO
Amor & Sexo também falou sobre a verdadeira família. Não aquela de pai, mãe e filhos, mas aquela "feita de amor e respeito". E como se tudo isso já não tivesse sido suficiente, surge Rodrigo Hilbert, marido de Fernanda Lima, que ficou montado de drag o programa inteiro, revelando que além de saber cozinhar, cuida dos filhos e faz tricô. Não era o momento de autopromoção do ator, tampouco fazer um charme para a sua esposa famosa. Aquele singelo ato pode ter quebrado um tabu na casa de alguém que acha que homem serve apenas para prover e reproduzir dentro de casa, vivendo sob um machismo vil impregnado por gerações e é um dos principais vilões da comunidade LGBT.
Assim como Rodrigo Hilbert falou, muitas pessoas estão aprendendo com o Amor & Sexo. E aulas como essa - na verdade, tem sido em toda a temporada 2017 - que o público está tendo nas quintas à noite na TV Globo são urgentes e necessárias para a construção de uma sociedade mais aberta e tolerante com a diversidade sexual, que ainda sofre com uma forte opressão.