Tônia Carrero: Sofri muitos anos de um moralismo e uma estupidez social contra a mulher

Programa Recordar é TV resgata entrevista com a atriz que completa 95 anos no dia 23 de agosto

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Programa Recordar é TV resgata entrevista com a atriz que completa 95 anos no dia 23 de agosto - FOTO: TV Brasil/Divulgação

A atriz Tônia Carrero completa 95 anos nesta quarta-feira (23/8). Para celebrar a data, a equipe do programa Recordar é TV (TV Brasil) resgatou uma entrevista que ela concedeu ao programa Advogado do Diabo (TVE-RJ), em 1986, e exibe o material nesta terça-feira (22/8), às 21h30.

Na atração, conduzida pela voz de Osvaldo Sargentelli, Tônia Carrero falou sobre assuntos diversos relacionados à carreira e também comentou os preconceitos que enfrentou na juventude. "Eu sofri muitos anos de um moralismo e uma estupidez social contra a mulher. Fui passando e fazendo aquilo que eu queria. Não me arrependo nada", declarou na época.

Tônia estreou na TV com O Grande Teatro Tupi (1952) e, no cinema, com o filme Querida Susana (1947). No teatro, começou a atuar em espetáculos como Um Deus Dormiu Lá em Casa (1949). "Já comecei a fazer teatro aos 27 anos. Foi muito tarde. Porque eu tinha que criar uma solidez", analisava Tônia.

"O tempo é pequeno para se deixar de ser amador. Uma vida é pouca para a gente conseguir observar o ser humano, imitá-lo, dissociá-lo e estilizá-lo para as plateias exigentes", refletiu ela na entrevista.

Tônia Carrero fez dezenas de peças, cerca de 20 filmes e mais de 15 novelas. Na TV, a atriz teve personagens marcantes como Stella Fraga Simpson, na novela Água Viva (1980), de Gilberto Braga. Em 2004, ela interpretou Madame Berthe Legrand em Senhora do Destino, trama escrita por Aguinaldo Silva. Em 2007, atuou no drama Chega de Saudade, dirigido por Laís Bodansky, e no espetáculo Um barco para o sonho, no qual foi dirigida pelo neto Carlos Thiré. 

Família

A edição do programa Advogado do Diabo com Tônia Carrero contou com a participação de pessoas como os escritores Affonso Romano de Sant'Anna e Lya Luft e do ator e diretor Cecil Thiré, filho da atriz. "Mãe e filho podem se entrosar em vários trabalhos e realizações. Cecil me indicou vários vícios que eu tinha no decorrer da minha carreira. Esse danado me observa desde os sete anos de idade. Ele vai ao teatro me olhar e me ver. É muito competente como diretor. Não tem ninguém tão ligado a mim quanto você dentro da minha profissão", contou Tônia.

Cecil Thiré também falou sobre a influência da mãe na formação artística dos familiares. "Ela trouxe para a nossa família essa semente, a ideia de ser ator, de ser artística cênico. Eu sou, tenho uma irmã que não é filha dela, é Thiré, que também é, tenho um primo também Thiré. E agora uma neta dela que é atriz também, Luísa Thiré", disse o ator e diretor.

Geração

"Tenho a veleidade, justamente porque foi difícil, de ter participado de uma geração que abriu caminho para grandes atores que serão melhores do que nós certamente. Dulcina de Moraes foi uma grande precursora", comentou Tônia durante a entrevista, na qual também citou Paulo Autran, Cacilda Becker, Glauce Rocha, Walmor Chagas, Tereza Rachel e Fernanda Montenegro.

"Nós abrimos caminho, mostramos uma luz para essa gente fantástica que está aí. São bem melhores do que nós. Observem isso. Por obrigação moral e artística", afirmou.

 

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