Literatura

Livro desvenda mundo de Enrique Vila-Matas

Estudo traz mundo peculiar do escritor catalão

Do JC Online
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Publicado em 27/07/2011 às 6:00
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O catalão Enrique Vila-Matas pertence à rara estirpe de autores que escrevem sobre o processo de escrita. É um criador de outros escritores e de gêneros literários de DNA estranho e/ou fugidio – tanto que em Doutor Pasavento perfila uma estranha academia cujos imortais nutrem uma paixão por desaparecer. Desde meados da década passada a Cosac Naify lança essa particularíssima voz da literatura espanhola no Brasil. O mais recente é Dublinesca, romance no qual o personagem Samuel Riba, ex-editor e ex-alcoólatra, é guiado por James Joyce durante uma descida pelos círculos do inferno.

Quem lê Vila-Matas desenvolve fácil uma obsessão por seu trabalho. É compreensível: sua visão de mundo (e dos problemas que a escrita traz junto) é sui generis. Um dos obcecados pelo catalão é o gaúcho Kelvin Falcão Klein, que defendeu, na UFGRS, a dissertação Vozes compartilhadas: a poética intertextual de Enrique Vila-Matas. A pesquisa analisa o romance O mal de Montano, publicado originalmente em 2002. O trabalho acadêmico resultou no livro Conversas apócrifas com Enrique Vila-Matas.

O estudo não nega que o discípulo aprendeu a lição do mestre. Sua análise tem a mesma estrutura dos jogos caros à Vila-Matas, que cria uma nebulosa fronteira entre a invenção propriamente dita e a apropriação de textos alheios. Mais que isso: o livro nos lembra o quanto a leitura é uma espécie de diálogo entre autor/leitor.

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