POESIA

Alberto da Cunha Melo devidamente homenageado

Poeta pernambucano ganha edição de sua poesia em livro para celebrar os 70 anos do seu nascimento

Diogo Guedes
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Publicado em 02/09/2012 às 6:49
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Poeta pernambucano ganha edição de sua poesia em livro para celebrar os 70 anos do seu nascimento - FOTO: Reprodução
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“Não tivemos filhos juntos, mas tivemos livros”. A frase de Cláudia Cordeiro, viúva do poeta, sociólogo e jornalista Alberto da Cunha Melo (1942-2007), dá a dimensão da obra do autor pernambucano: não apenas seus dois filhos do primeiro casamento, Márcio Britto Cunha Melo e Lúcio Britto Cunha Melo, ficaram órfãos quando ele morreu, mas todo o seu Estado. Seis anos depois do último livro publicado de versos do escritor, sai agora Cantos de contar (Editora Paés, 160 páginas, R$ 50), reunião de poemas com ilustrações do próprio Alberto que ganha lançamento no Recife nesta terça-feira (4/9), no Centro Cultural dos Correios, com palestra da professora da USP Isabel Moliterno e recital da atriz e escritora Adélia Coelho Flô.

A iniciativa não poderia vir em momento mais oportuno: em 2012 celebram-se os 70 anos do nascimento de Alberto (ao mesmo tempo em que se lamentam os cinco anos da sua morte). O livro, que ganhou capa dura e um belo projeto gráfico de Rodrigo Sushi, traz uma seleção de poemas feita por Cláudia, também ensaísta e pesquisadora da obra do marido. Os versos escolhidos diversos livros do autor e se voltam, segundo a organizadora, para o caráter mais narrativo da sua produção, refletidos também na métrica octossilábica. Existem, no entanto, outros destaques: os desenhos inéditos do poeta pernambucano e também uma longa entrevista de 15 páginas, com perguntas feitas por diversos críticos literários.

“Alberto desenhava nos momentos de estio da sua poesia, que eram de uma angústia imensa. Era uma forma de espairecer da poesia”, lembra Cláudia, que assina também o prefácio da obra. Com Cantos de contar, ela reitera sua paixão por Alberto não só como marido, mas como poeta. “Eu conheci a poesia dele antes mesmo de o conhecer pessoalmente”, conta. Segundo ela, quando trabalhava na Edições Pirata, editou uma coletânea do autor. Quando finalmente pôde conhecê-lo, recitou logo de cara um de seus poemas, O comensal, impressionando Alberto – ele mesmo costumava dizer que não recordava suas próprias criações. “O meu amor sempre foi pelo Alberto poeta: amei o poeta antes do homem”, conta Cláudia.

A pesquisadora revela também que ainda existem muitos trabalhos inéditos de Alberto para serem editados. “Ele produziu muito. Era engraçado: sempre que terminava um poema, dizia que nunca mais ia fazer outro, que tudo havia acabado. Até que mudava de ideia e falava ia fazer outros, muitos mais. Na verdade, a escrita o perseguia”, descreve a pesquisadora.

O livro com os desenhos raros e a seleção poética é apenas a primeira de uma série de novidades para celebrar a efeméride dos 70 anos do autor. Ao JC, Cláudia conta que já fechou contrato com uma editora italiana, a Salento Books, para publicar uma tradução de Oração pelo poema, de 1969, segundo livro do autor. Além disso, ela adianta que, ainda neste ano, a Festa Literária Internacional de Pernambuco, a Fliporto deve organizar um painel para lembrar a data. Segundo Mário Hélio, curador literário do evento, a mesa ainda não tem nomes definidos.

Leia a matéria completa no Jornal do Commercio deste domingo (2/9).

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