PREMIAÇÃO

Ana Teresa Pereira é a primeira mulher a vencer o Prêmio Oceanos

Anúncio dos vencedores foi realizado nesta quarta. Além da autora portuguesa, dois brasileiros integram a lista dos vencedores

Valentine Herold
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Valentine Herold
Publicado em 29/11/2017 às 13:34
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Anúncio dos vencedores foi realizado nesta quarta. Além da autora portuguesa, dois brasileiros integram a lista dos vencedores - FOTO: Foto: Divulgação
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SÃO PAULO - O prêmio literário Oceanos anunciou na manhã desta quarta-feira (29), em coletiva de imprensa no Itaú cultural da capital paulista, os vencedores da edição 2017. Duas novidades foram motivos de celebração durante a cerimônia: pela primeira em 15 anos de história, o primeiro lugar é ocupado por uma mulher, a escritora portuguesa Ana Teresa Pereira com o romance Karen, além de ter havido um empate no quarto lugar.

O escritor brasileiro Silviano Santiago - vencedor deste ano do Prêmio Jabuti na categoria romance - ficou em segundo lugar com o livro Machado, uma mescla de romance e ensaio sobre os últimos anos de vida de Machado de Assis. A terceira posição foi ocupada por um conterrâneo de Ana Teresa, o autor e tradutor Helder Moura Pereira pelo livro Golpe de Teatro, enquanto o quarto lugar foi dividido entre o brasileiro Bernardo Carvalho , com Simpatia pelo Demônio, e a também portuguesa Maria Tereza Horta, com Anunciações. A premiação em dinheiro vai de R$ 100 mil (primeiro lugar), R$ 60 mil (segundo), R$ 40 mil (terceiro) e R$ 30 mil (quarto).

A escolha de Ana Teresa como grande vencedora surpreendeu positivamente os presentes na coletiva, pois apesar de ser ainda pouco conhecida do grande público em Portugal e de nunca ter sido publicada no Brasil, a indicação de seu nome suscita a esperança de abrir as portas do mercado editorial nacional para autores portugueses contemporâneos.

Após o anúncio dos vencedores, a autora respondeu às perguntas dos jornalistas através do chat do Facebook, mantendo-se fiel à sua decisão de não ser uma artista midiática e à sua preferência por manter-se o mais discreta possível. Sobre Karen, ela disse que é um livro muito especial. "Em todos os meus livros tenho tentado aproximar-me do sentido metafísico da palavra, é esse o meu trabalho. E em Karen senti que estava muito próxima", escreveu por mediação de uma das curadores do Oceanos, a portuguesa Ana Sousa Dias.

Com mais de 20 livros publicados, Ana Teresa ainda não integra o rol dos autores lusos abraçados pelas editoras brasileiras, fato que deve provavelmente mudar em 2018 devido ao resultado do prêmio. Na ocasião da coletiva, o diretor do Itaú Cultural, Eduardo Saron, e a curadora do Oceanos, Selma Caetano, afirmaram que a intensificação da divulgação de escritores potugueses e dos países africanos de língua portuguesa no País é um dos objetivos para o próximo anos.

Em relação às suas influências literárias, a escritora destacou James Joyce, Fernando Pessoa, Manuel Bandeira, Manoel de Barros o os clássicos romances policiais. Este últimos, junto com Rebecca, de Daphne du Maurier, foram fundamentais para a escrita de Karen. "O livro tem a estrutura de um policial, pensei nele muitas vezes como um "policial abstrato". Neste momento estou a escrever um livro de contos fantásticos. Já escrevi alguns livros de aventuras para crianças", explicou.


O PRÊMIO

Lançado em 2003 com o nome de Portugal Telecom, o prêmio passou a se chamar Oceanos em 2015, mesmo ano do início da parceria com o Itaú Cultural. Até a edição do ano passado, podiam se inscrever apenas autores de língua portuguesa que tinha livros publicados no Brasil.

A grande mudança de 2017 foi, portanto, abrir o prêmio para livros em português publicados em qualquer país. Para Eduardo Saron, o desafio agora é poder abranger cada vez mais autores de Moçambique, Angola, Cabo Verde e Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial. "Construir uma identidade é ter um nome que dê conta de si", disse. O cônsul geral de Portugal, Paulo Jorge Lopes Lourenço, também ressaltou a necessidade de abraçar os outros países de língua portuguesa. "Essa é tanto a língua de Camões e Machado quanto a de Pepetela e Mia Couto".

Este ano, mais de 50 editoras estrangeiras inscrevam seus autores no Oceanos, a maioria delas sendo portuguesa. Dos 51 semi-finalistas que haviam sido anunciados em setembro, 31 são brasileiros, 19 portugueses e apenas 1 angolano. Dentre os autores nacionais, dois pernambucanos estava, presentes: José Luiz Passos, com a obra O Marechal de Costas (Alfaguara) e Rejane Gomçalves, comnvolume de contos Escrevo para Dinossauros (Confraria do Vento). Zé Luis, inclusive, já venceu o prêmio em 2013, com O Sonâmbulo Amador.

* A repórter viajou a convite do Itaú Cultural

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