Festival de Inverno

FIG 2016: Depois de inflamar a plateia, Elba Ramalho é pressionada a deixar o palco

O público e cantora, em perfeita comunhão, pareciam não querer se largar na apresentação que foi 20 minutos além do previsto

Bruno Albertim
Cadastrado por
Bruno Albertim
Publicado em 24/07/2016 às 13:52
FUNDARPE/Divulgação
O público e cantora, em perfeita comunhão, pareciam não querer se largar na apresentação que foi 20 minutos além do previsto - FOTO: FUNDARPE/Divulgação
Leitura:
Elba Ramalho estava com fome. Mal entrou no palco, engoliu, usina musical que é, a plateia também gulosa por um show que fez a Praça Mestre Dominguinhos cantar, do começo ao fim, cada verso de canção emitido pela paraibana. Coincidentemente no dia do aniversário de três anos da morte de Dominguinhos, Elba abriu a apresentação com uma emocionada interpretação de De Volta Pro Meu Aconhego. Intensificado o grave de algumas notas, fez o vozeirão voar solto pela Esplanada.

Em seguida, a praça virou baile. "Eu vim pra mostrar apenas um pedaço do meu novo show, que é  muito initimista, um show mais para teatro", disse ela, minutos antes, no backstage, à reportagem do JC, sobre o show do disco Do Meu Olhar pra Fora, o trigésimo-terceiro da carreira, com direção musical do pernambucano Iuri Queiroga, também responsável pelo contrabaixo durante o show. "Tem muita gente lá fora querendo dançar, e eu não posso deixar de cantar inclusive alguns forrós. Não existe forró sem Elba, nem Elba sem forró", brincou.

A cantora fez o povão dançar com um set bem incendiado de reggaes, começando com a popular Vem me Regar, de Edson Gomes. Depois, imprimiu intimismo com Contrato de Separação. "Foi Dori Caymmi quem me lembrou que eu não podia deixar de cantar essa música de Dominguinhos", comentou. Flutuando sobre um finíssimo salto agulha, dançou, sambou, frevou e preencheu o palco que parecia pequeno para sua figura. 

Com um set azeitadíssimo de forrós pé de serra, a rua virou uma grande sala de reboco. Não menos que linda sua interpretação de Sebastiana, de Jackson do Pandeiro. Comunicativa e a fim de interagir, Elba puxou uma moça da plateia pra cantar com ela um dos forrós. "Eu vou quebrar o protocolo desse show, que é muito intimista", brincava. Recebeu uma bandeira de Pernambuco da plateia e, punho erguido, reforçou a iconicidade de Leão do Norte (Lenine).

O casamento já era indissolúvel de véspera: com a "classicaça" Banho de Cheiro, seguida de Frevo Mulher, o chão pulava de uma forma que o povo já não queria largar Elba. Nem ela à plateia. Como a apresentação já avançava vinte minutos além do tempo previsto, e Zeca Baleiro estava esperando a vez de usar do microfone, os coordenadores de palco começaram a fazer pressão para a cantora deixar a cena. Ensaiaram fechar a cortina. Sinalizavam das coxias. A cantora ia se despedindo enquanto cantava. Teve que sair, cantando do palco por trás do cenário e pelas escadas até o camarim, os últimos versos da ze-ramalhiana Chão de Giz.

Em seguida, Zeca Baleiro e Paulo Lepetit apresentaram o bonito show Café no Bule, parceria com Naná Vasconcelos que o percussionista não conseguir ver estrear. Show correto, de musicalidades além do mais óbvio. Mas, depois do furacão Elba, nada mais poderia preencher tão plenamente o vácuo.

Últimas notícias