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'Reputation': Taylor Swift busca reconstruir sua imagem em novo disco

Álbum deve vender mais de 1,5 milhão de cópias só nos EUA

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 11/11/2017 às 15:33
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Álbum deve vender mais de 1,5 milhão de cópias só nos EUA - FOTO: Reprodução
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O verão de 2016 estava sendo maravilhoso para Taylor Swift: apesar do ainda recente término com o DJ Calvin Harris, ela vivia dias de curtição, engatava um romance com o ator Tom Hiddleston e ainda capitaneava o sucesso do disco 1989. Tudo mudou quando, dia 18 de julho, Kim Kardashian expôs um vídeo que contradizia todas as afirmações que Taylor fez sobre não ter autorizado uma polêmica canção de Kanye West que a citava. Some-se a isso uma declaração de Calvin Harris (sim, o ex) que também manchava a imagem de boa moça que ela alimentava até então e o estrago estava feito: de namoradinha da América, Swift passou a ser vista como “cobra”. Desde então, ela se manteve em reclusão quase total. Agora, ela dá seu lado sobre os eventos do último ano da forma na qual tem expertise, com Reputation, disco lançado ontem.

Antes de chegar ao disco, é preciso recapitular os eventos que o moldaram. Seu primeiro disco foi lançado em 2006, quando ela tinha 16 anos, e apresentava uma excelente compositora, com especial habilidade em narrar seus amores (e dores).

Seguindo a longa tradição de cantoras country, ela logo conquistou o mercado de seu país apostando em uma imagem virginal e frágil. Foi em 2009, no entanto, que seu nome ficou conhecido internacionalmente: ao ganhar o prêmio de Melhor Vídeo Feminino, no VMA, foi interrompida pelo rapper Kanye West, que afirmou que o prêmio deveria ter ido para Beyoncé.

A imagem atordoada de Swift naquela noite ficou marcada no imaginário pop. Kanye West foi vilanizado, inclusive pela própria, que dedicou Innocent, música de seu disco seguinte, Speak Now (2010), para o rapper. Muitos viram questões raciais envolvidas no processo: a garota loura e branca versus o rapper negro. Os desdobramentos são complexos, mas é fato que Swift se beneficiou da situação. No quarto disco, Red (2012), apontava uma vontade de migrar para o pop, mesclando-o com o country. Em 1989 (2014), ela abandonou o gênero que a revelou e abraçou os sons predominantes nas paradas musicais. Tudo parecia bem entre ela e Kanye até que ele lançou Famous.

Na música, ele chama a cantora de vadia e afirma que eles deveriam fazer sexo, pois ele a fez famosa. Uma afirmação extremamente sexista, sem dúvidas, mas Kanye afirmou que pediu o consentimento da artista. Ela negou e fez um discurso sobre empoderamento quando ganhou o Grammy de álbum do ano. Foi aí que Kim revelou a gravação na qual Swift ouve a canção e dá o o.k. para o lançamento. Pouco tempo depois, Calvin Harris também fez críticas à americana, dizendo que ela arquitetava para rebaixar as pessoas, como fez com Katy Perry (sua inimiga declarada).

MEIO TERMO

Com a imagem ferida pelos acontecimentos, Taylor se recolheu, mas isso não quer dizer que ela digeriu bem os fatos. Isso fica claro na faixa Look What You Made Me Do, primeiro single do Reputation. A canção eletropop é irônica e raivosa. “Eu não confio em ninguém e ninguém confia em mim”, afirma. “A velha Taylor está morta”, completa. Um quase mea culpa.

A matação com Kanye e Kim aparece em This Is Why We Can’t Have Nice Things e I Did Something Bad. São duas canções potentes, na qual ela assume uma postura de ataque, tentando apagar sua imagem de boa menina de uma vez por todas.

Esse, no entanto (e ainda bem), não é o tom que predomina no disco. Com produção de Max Martin e Jack Antonoff, o disco flerta com o eletropop e soa mais maduro. Taylor atinge a excelência no que sabe fazer melhor: canções de amor. New Year’s Day é delicada e memorável por sua sensibilidade. Don’t Blame Me, Getaway Car e Delicate também são destaques. Gorgeous até pode ter sonoridade nova, mas soa muito como a Taylor antiga.

Se o objetivo de Taylor Swift era refazer sua reputação, ela não tem com o que se preocupar. Sua escrita continua afiada e sua evolução é inegável. O público, também, parece estar do seu lado: em menos de uma hora após lançado, o disco já havia vendido 800 mil cópias, prometendo mais um recorde para a americana.

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