Lançamento

Barro lança 'Somos', segundo álbum solo, carregado de fusões e relações humanas

O músico pernambucano Barro lançou nesta sexta-feira o seu segundo álbum, misturando o regional e global, trazendo retratos da identidade contemporânea

Rostand Tiago
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Rostand Tiago
Publicado em 28/09/2018 às 8:12
Foto: Louise Vas/Divulgação
O músico pernambucano Barro lançou nesta sexta-feira o seu segundo álbum, misturando o regional e global, trazendo retratos da identidade contemporânea - FOTO: Foto: Louise Vas/Divulgação
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Com os pés bem fincados nas sonoridades locais e com a cabeça passeando pela música global, tudo mediado pelas relações coletivas que moldam o indivíduo, o músico pernambucano Barro lançou seu segundo álbum a zero hora desta sexta-feira. Somos foi o nome escolhido para este novo trabalho, mostrando como a estrada percorrida com seu antecessor, Miocárdio (2016), acabou por amadurecer ainda mais sua personalidade sonora e temática, sem perder as deleitosas fusões e experimentações que garantiram a popularidade do disco de estreia.

Na verdade, Somos não apenas reflete os caminhos pelo Brasil que Miocárdio o fez percorrer, ele é concebido nessas locomoções, "um disco estradeiro", segundo o próprio músico. Essas andanças, entre festivais e shows solo, promoveram uma aproximação ainda maior de Barro com duas peças fundamentais para fazer o novo álbum vir ao mundo, Guilherme Assis e Ricardo Fraga, companheiros de produção e de banda. "Nós três fizemos do palco um laboratório de produção, uma experiência de nossa sonoridade, fazendo as conexões necessárias surgirem", explica Barro.

Juntando isso com a escuta de diversas histórias pelas viagens, surgiram as composições e o conceito do Somos. O trabalho gira em torno de como um molde identitário é formado a partir das mais diversas relações com o outro, articulando desde discursos individuais e de autoafirmação, como na faixa de abertura Seja Você, até as dinâmicas mais coletivas, frutos de uma vida em sociedade, bem expressadas no lirismo da canção que dá nome ao álbum (Somos futuro/Do imperfeito/Do presente/Passado obscuro).

"O disco fala de uma identidade contemporânea, muito a ver com um conceito global. As composições vêm muito da minha grande abertura para as coisas, assim como minha ligação forte com o Nordeste". Essa fala de Barro garante uma luz sobre como ele consegue equilibrar linguagens enraizadas na cultura local com roupagens de um pop universal, como Fogo Tenaz, segunda faixa, também passando pelo experimental.

Misturas e raízes

As misturas acabam por aproximar ritmos que talvez aparentem ser distantes, mas compartilham matrizes. Uma timbragem eletrônica, mas com levadas regionais, faz o rap se confundir com um coco ou uma embolada em suas matrizes de improviso e métrica. Pífanos conseguem dialogar bem com sintetizadores e a suave voz de Barro costura tudo.

"Eu sou um cara com fortes ligações com o som daqui, meu pai desde pequeno me catequizou em Luiz Gonzaga, Quinteto Violado, Banda de Pau e Corda. A gente brinca que Alceu Valença era religião lá em casa. Com esse background, minha parte foi buscar essa música pop do mundo, experimental, junto com a nossa sonoridade. O mundo inteiro nos sampleia, os caras do Radiohead escutam cavalo marinho, Bjork usa nossa música", elabora Barro.

Além dos produtores Guilherme e Ricardo, outros nomes ficaram mais próximos de Barro nos dois anos de andadas com o Miocárdio, também dando suas contribuições no Somos. A simultaneidade entre o lançamento de seu disco de estreia e o do músico Amaro Freitas acabou por promover encontros e trocas musicais, culminando na participação do jazzista em Caju Clareou. Mariana Aydar entra em Eu Só Queria Que Você, terna, já Jéssica Caitano, da Radiola Serra Alta, entra com uma cadência mais acelerada, trazendo força aos versos autoafirmativos de Não Vim Pra Passar Batido. O processo de atualização da viola dinâmica de Hugo Linns encaminha bem Cavalo Marinho.

Foi no espaço do Zelo Estúdio, uma salinha no bairro da Boa Vista, em que a maior parte do Somos foi gravada, mas o processo também passou por locais como Triunfo e São Paulo, dialogando bem com o caráter estradeiro, ao mesmo tempo regional, de sua concepção.

Esse traço local também é carregado em sua capa, uma fotografia de um muro pintado e ilustrado próximo à casa de Barro, por Apolo Torres, que ainda pode ser visto fisicamente no Poço da Panela, próximo ao Jardim Secreto. O álbum está disponível nas principais plataformas de streaming, também contando com versão física.

 

 

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