Festival

Festa de guitarras no Conservatório Pernambucano de Música

Robertinho do Recife, é o homenageado, e tocará manhã

JOSÉ TELES
Cadastrado por
JOSÉ TELES
Publicado em 23/05/2013 às 6:00
Leitura:

Robertinho do Recife faz uma rara apresentação no Recife, sexta, na programação do Festival de Música Instrumental do Conservatório Pernambucano de Música, que nesta edição abriga o Guitar Player Festival que, por sua vez homenageia o guitarrista pernambucano. Serão dois dias em o instrumento predominante será a guitarra, mas com abertura pra o sax do maestro Spok. Entre os guitarristas, além de Robertinho nomes como Fred Andrade, Léo Lira, Rodrigo Morcego, Edu Ardanuy (da banda Dr.Sin) e Marcinho Eiras (da banda do programa Domingão do Faustão). As apresentações acontecem no Conservatório Pernambucano de Música, com entrada franca.

Robertinho do Recife confessa que ficou feliz pela homenagem: “Foi ótimo ser lembrado pela Guitar Player, pelo conservatório, porque, quando se fala de guitarristas, eu quase não sou lembrado. Ainda não sei bem o que vou tocar. Fred Andrade é que está montando o repertório, com músicas minhas ou em que tive participações, feito em Revelação, de Fagner. Neste caso, o que seria a voz dele, será o sax de Spok”, diz Robertinho, em entrevista por telefone, do Rio, onde mora desde os anos 70.

O guitarrista Fred Andrade, também professor de música, integra o grupo Mandinga, que acompanhará Robertinho, sexta-feira: “A gente vai tocar além de coisas gravadas por Robertinho, Jimi Hendrix, Hermeto Pascoal, composições minhas”. Para Andrade, Robertinho é de importância fundamental para o instrumento no País: “Aqui no Recife foi ele que começou tudo, tocou com todo mundo e passou por todos os estilos. É um monstro”.


Embora ele comente que é pouco citado, ele é u um guitarrista de guitarristas. Seus discos, quase tudo fora de catálogo, estão disponíveis em blogs especializados, e custam caros nos sebos. Naturalmente, tem uma geração o conhece muito pouco. Ele não grava desde 1990 (quando lançou o álbum Rapsódia rock, e só esporadicamente toca em público.

Robertinho voltou recentemente dos Estados Unidos, onde produziu. no Mississippi, um disco do cantor e compositor, de Juazeiro (BA), Assumpção de Maria, com o blueseiro e também guitarrista americano Jesse Robinson. Num inusitado encontro do Velho Chico com o Ol’ Man River (como lá chamam o rio Mississippi): “Esta coisa do Mississippi me entusiasmou a tocar novamente em palco. Enquanto a gente estava por lá, sempre rolava umas jams e eu acabava tocando. Me deixou mais animado para tocar. Mas parei porque não gosto de compromisso. Prefiro o estúdio, onde você estimula o hábito da criação. Na carreira de músico, de shows, você toca sempre as mesmas músicas, as mais conhecidas, a que o público quer. Acho que é por isso que tem artista que fica doido, quebra tudo em hotel. Prefiro me guardar para momentos como este no conservatório, ou quando um amigo, feito Zé Ramalho, me convida pra dar uma cana num show dele”.

CARREIRA
Poucos guitarristas do país ostentam um currículo tão longo quanto o do recifense Roberto Cavalcanti de Albuquerque, que começou a tocar criança, enquanto convalescia de um acidente (foi atropelado por um automóvel), ganhou do avô uma manola, forma rudimentar de guitarra elétrica.

Aos 12 anos tocava nos Ermitões, conjunto de iê-iê-iê, que acompanhou ídolos da época, como Wanderley Cardoso. O avô também lhe comprou a primeira guitarra a Maristone, o homem que seria responsável por botar som em nove entre dez shows que aconteceram no Recife até começo dos anos 80.

Curiosamente, ele demorou a acreditar que poderia tocar guitarra. Se não fosse pelos incentivos da mãe, teria desistido: Robertinho lembra que não acertava o rimo nem em Parabéns pra você. Em meados dos anos 60, tocava nos Bambinos, grupo que marcou época no Recife. Não apenas nos programas jovem guarda da TV, mas também como banda de apoio dos tropicalistas pernambucanos. Foi Os Bambinos que acompanhou, por exemplo, as elucubrações do Laboratório de Sons Estranhos, coletivo que balançou o coro dos contentes no Recife. Robertinho começou a carreira solo em 1977, e deu uma parada em 1990, depois de passar pelos mais diversos estilos, do frevo ao heavy metal.

Últimas notícias