Em 2009, quando Julieta Venegas participou, em duas faixas, do álbum Certa manhã acordei de sonhos intranquilos, de Otto, despertou curiosidade. Embora fosse uma das cantoras pop mais bem-sucedidas da América Latina. Um de seus álbuns, Limón y sal (2006), vendeu quatro milhões de cópias, mesmo assim ela era desconhecida no Brasil, cujo mercado desde os anos 60 mantém-se refratário à música cantada em espanhol. Que o digam os argentinos Charly Garcia e Fito Páez, ídolos em sua terra, mas que nunca emplacaram um sucesso por aqui, por mais divulgação que tenham recebido das gravadoras. Julieta Venegas, que se apresenta hoje, no Teatro da UFPE, vem sendo uma exceção à regra, e está conseguindo, aos poucos, um espaço nos palcos brasileiros.
Nascida em Long Beach, na Califórnia, em 1970, filha de país mexicanos, ela estudou piano desde os oito anos, que se tornaria seu principal instrumento, embora toque também violão, violoncelo e acordeom. O início da carreira aconteceu em Tijuana, cidade fronteira com os EUA.
Chantaje, rebatizado de Tijuana No, foi o início, uma banda de ska e reggae, no começo dos anos 90. Pouco tempos depois passou a compor para teatro, e forma um grupo chamado Lula. Aos 20 anos, quando foi morar na Cidade do México, participou de uma movimentada cena de rock indie, cuja único nome, relativamente, conhecido no Brasil é o do Cafe Tacuba. O primeiro disco de Julieta Venegas, Aqui, foi produzido por Gustavo Santaolalla. da Cafe Tacuba, assim como seu segundo disco, Bueninvento, de dois anos depois. O produtor foi Emmanuel del Real Díaz, tecladista da mesma banda. São dois discos dentro do estilo, cada vez mais nebuloso, do Indie rock.
O terceiro álbum, Si, de 2003, gravado em Buenos Aires, produzido por Cachorro Lopez, o mais requisitado produtor de rock da Argentina, que trabalhou com ela nos discos seguintes, o milionário Limón y sal (2006), e Otra cosa (2010). Entre um e outro, veio o MTV Unplugged, que não repetiu a vendagem de Limón y sal, mas chegou ao invejável número de 1,4 milhão de cópias. Nele ela congrega em torno de si los hermanos latinos, Marisa Monte, a rapper Mala Rodriguez (espanhola). O celista Jaques Morelenbaum foi um dos convidados. No mesmo ano, Julieta Venegas participou do Acústico MTV, de Lenine, na faixa Miedo.
Por vezes comparada a P.J Harvey mexicana, o que ela não gosta, com o álbum Si Julieta Venegas mudou de classificação para as publicações especializadas. Passou a ser mainstream. Talvez a críticas sejam responsáveis pelo disco seguinte, Otra cosa ser ao mesmo pop mas com as atitude indie. O certo é que a cantora muda a cada álbum. Poderia ser mais bem-sucedida nos EUA, já que nasceu no país e fala inglês sem sotaque chicano, mas se recusa a cantar em inglês, e nem aprova que bandas latinas o façam, como neste comentário que teceu sobre grupos mexicanos que cantam em inglês: “Agora, há bandas como a Hello Seahorse! que tem nome em inglês. São muito misteriosos - Não se sabe se são realmente mexicanos quando você ouve... A música está mudando, mas não considero que precise mudar tanto. Se você tem personalidade, então precisa soar igual às suas influências. Sou contrária à bandas latinas cantando em inglês. E elas estão fazendo muito”. Julieta Venegas dá-se ao direito da crítica. Afinal, cantando em espanhol, ela ganhou, entre outros, sete prêmios Grammy.
SHOW
Julieta Venegas se apresenta hoje como anda formada por Mariana Ruiz (teclados, violões, guitarra), Eduardo Vega (bateria), Matias Saavedra (teclados) e Alfredo Cañedo (baixo). A base do repertório é o álbum Los momentos, mas obviamente repassa os melhores momentos, grandes sucessos como Eres para mim, Limón y sal,
SERVIÇO
Show Los momentos, com a cantora mexicana Julieta Venegas, hoje, Teatro da UFPe (Campus Universitário), 21h. Ingressos:: R$100 e R$ 50 (plateia). R$ 80 e R$ 40 (balcão). Outras informações: 3207-5757
