Lançamento

Conservatório Pernambuco de Música tem história contada em livro

No lançamento, mais três livros com reperetório armorial

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 17/12/2015 às 7:26
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No lançamento, mais três livros com reperetório armorial - FOTO: Foto: rDivulgação
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O maestro e pianista carioca Ernâni Braga veio morar no Recife em 1927. Não se sabe bem o que o prendeu à cidade. Em artigos assinados no jornal A Província, criticou a falta de união entre os músicos locais. Em outro, o título revela mais uma crítica: "No Recife não há cantores e, mais lamentavelmente, não há cantoras, observa em artigo para A Província o professor Ernâni Braga". No entanto, ele se bateu como um nativo pela disseminação da música entre os pernambucanos e foi fundamental na criação do Conservatório Pernambucano de Música, que comemorou 85 anos em 2015.

Hoje, às 17h30, na sede da entidade (Avenida João de Barros, 594, Boa Vista) haverá os lançamento de Conservatório Pernambucano de Música ­ 85 Anos ­ Uma apreciação, a história do CPM pelo professor e regente Sérgio Nilsen Barza, e Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco, em três volumes, coleção de partituras de música armorial organizada também por Barza (editados pela CEPE) Criado com uma doação de 10 mil contos de réis, do Conde Ernesto Pereira Carneiro, da Companhia de Comercio e Navegação (e do Jornal do Brasil, do Rio), o conservatório teve Ernâni Braga como primeiro diretor. Ele permaneceu nove anos no cargo e foi substituído, em 1939, pelo pianista Manoel Augusto dos Santos, quando a entidade tornou­se um autarquia, ligada à Secretaria do Interior:

"Podemos dizer que a história do Conservatório Pernambucano de Música tem sua primeira época nas gestões de Ernani Braga e Manoel Augusto dos Santos, e uma nova era começa a partir da gestão de Cussy de Almeida Neto. É a partir de 1967 que o conservatório, finalmente, ganha sua casa e uma nova dimensão na vida musical de Pernambuco, indo além dos limites da cidade e do Estado", escreveu o professor Barza. O conservatório, que vivia momentos difíceis, teve total apoio do governo na gestão de Cussy de Almeida, que conseguiu um até então impensável piano Steinway para o CPM em seu aniversário de 40 anos. O instrumento foi inaugurado por Guiomar Novaes, em 4 de agosto de 1970, com a presença do General Artur Candal, Comandante do IV Exército, que deve ter ficado satisfeito com o programa, fechado com as Variações sobre o Hino Nacional Brasileiro de Gottschalk.

Sem dúvida a criação mais importante de Cussy De Almeida à frente do CPM foi a Orquestra Armorial de Câmara. O que ele pensava para o novo grupo convergiu para as ideias do escritor Ariano Suassuna, que então arquitetava o armorialismo ­ grosso modo, uma maneira de repensar a arte erudita brasileira a partir das suas raízes populares. A Orquestra Armorial de Câmara de Pernambuco fez seu concerto inaugural no dia 21 de agosto. E se tornaria conhecia nacionalmente no ano seguinte, quando foi a atração de um banquete oferecido ao general Garrastazu Medici, no Salão Azul do hoje extinto Grande Hotel. Apresentação amplamente noticiada País afora. A inegável qualidade da orquestra encantaria tanto um nacionalista de esquerda como crítico Zé Ramos Tinhorão quanto ao maestro Isaac Karabtchevsky, que considerava o armorial "o movimento mais importante desde a Semana de 22".

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