Rock

Nívea Viva Rock Brasil com superbanda hoje no Dona Lindu

Retrospectiva do rock nacional por músicos que a escreveram

JOSÉ TELES
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JOSÉ TELES
Publicado em 30/04/2016 às 6:00
Foto: Nívea/Dilvugação
Retrospectiva do rock nacional por músicos que a escreveram - FOTO: Foto: Nívea/Dilvugação
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“Acho que de repente o rock está fazendo uma certa falta na vida das pessoas. O que vi nestas apresentações foi uma coisa superpositiva, na reação do público, com a gente no palco. Penso que isto faz parte de um projeto de resistência alternativa, na minha vida, e na de muita gente. As pessoas sentem carência e a gente procura cooperar numa certa mudança neste sentido, colocando o rock em praça pública, e ainda mais legal por ser de graça”, o comentário é de Dado Villa-Lobos, do Legião Urbana, um dos integrantes da superbanda que aterrissa hoje, a partir das 17h30, no palco da esplanada do Dona Lindu, para o show Nivea Viva Rock Brasil, o terceiro das sete apresentações da programação do projeto, aberto ao público.

Estarão com Dado Villa-Lobos, Nando Reis, Paula Toller, Os Paralamas do Sucesso, e os músicos Maurício Barros (tecladista do Barão Vermelho), Rodrigo Suricato (voz, guitarra e violão da banda Suricato, uma das revelações recentes do rock brasileiro) e Milton Guedes (gaitista e saxofonista que também integrou a banda de Lulu Santos), mais o ex-baixista dos Mutantes, Liminha, produtor e espécie de maestro do Nívea Viva Rock Brasil, que tem direção geral de Monique Gardenberg. “Todos fizemos sugestão no repertório, e foi o melhor que a gente conseguiu com duas horas e meia de duração, mais de 40 músicas. Claro que sempre vai ter alguma coisa faltando. O que eu sei é que está mesmo muito vibrante. Em Porto Alegre tinha cem mil pessoas vibrando. No Rio de Janeiro, tinha uma multidão na praia”, continua Dado Villa-Lobos.

Acrescente-se aos integrantes do grupo, a cantora e atriz Marjorie Estiano, que substituiu Pitty no segundo show, no Rio. Com gravidez de risco, a baiana foi aconselhada pelos médicos a dar uma parada nos compromissos. O que levou a uma modificação no roteiro. A Praieira, do Chico Science & Nação Zumbi, que era interpretada por Pitty será cantada por Dado Villa-Lobos, que pela primeira canta a música em público: “Conheci Chico quando eles lançaram o primeiro disco. Fui inclusive para um show de lançamento, no Circo Voador”, comenta Villa-Lobos.

Com roteiro assinado pelo jornalista Hugo Sukman, o roteiro retroage ao final dos anos 50, com Banho de Lua (versão de Fred Jorge para Tintarella Di Luna, dos italianos Migliacci/ e Filippi), que homenageia a primeira rainha do rock nacional, a paulista Celly Campello (falecida em 2003), ao mesmo tempo lembra Os Mutantes, que regravaram a música em 1969. “O show vai numa ordem cronológica. Alguns arranjos são surpreendentes, porque é sempre bacana surpreender a plateia. Mas deixei várias músicas com a cara original, porque o público gosta de ouvir as músicas nos shows do jeito que elas são”, comenta Liminha, que em outras inseriu citações inusitadas. No pot-pourri da Jovem Guarda, por exemplo, tem trechos de Seven Nations Army, do White Stripes, e Under My Thumb, dos Rolling Stones, em agora Só Falta Você, de Rita Lee.

A igualmente rainha do rock, a citada Rita Lee, é saudada em sua fase como uma Mutante, em Ando Meio Desligado (cantada por Nando Reis, Paula Toller e Marjorie Estiano), Panis et Circenses (por Marjorie), no bloco que deseja a Tropicália, e depois em alguns dos seus hits na carreira solo, Ovelha Negra é um deles, e é interpretado por Paula Toller. Raul Seixas, obviamente, não poderia estar de fora de uma retrospectiva do rock brasileiro, Nando Reis, é encarregado de cantar o clássico Gita (Raul Seixas/Paulo Coelho). Dado Villa- Lobos une-se aos Paralamas para celebrar a Legião Urbana, com duas canções: Tempo Perdido, Será. 

Por coincidência, o Nívea Viva Rock Brasil acontece quando ele, com Marcelo Bonfá põem novamente a Legião Urbana na estrada para comemorar 30 anos de lançamento do álbum de estreia, e Liminha também participou da volta do grupo: “A gente está chegando no Recife também com o show do Legião, mas não tenho a data exata. O Liminha conseguiu juntar eu e o Bonfá e fez a coisa acontecer, como diretor musical. A gente ensaiou um mês e meio, no Nas Nuvens, o estúdio dele, que armou um esquema muito maneiro, de dar palpites, chamar os convidados. Enfim, foi Liminha que coordenou e organizou esta coisa”. 

Embora circule por quase seis décadas de rock nacional, o Nívea Viva Rock Brasil enfatiza os anos 80, onde estão Paralamas do Sucesso, Nando Reis (Titãs), Dado Villa-Lobos (Legião Urbana), e Paula Toller (Kid Abelha) no repertório. Metade é dos anos 80. E um show à parte é do Paralamas, completo com Herbert, Bi e Barone, em canções que nunca gravaram como Até Quando Esperar, do Plebe Rude (no roteiro original era cantada por Pitty). No geral, o espetáculo é uma festa, com canções, a maioria bem conhecida, de uma época em que o rock era mainstream nacional. Hoje, o que se toca no rádio e na TV é o redundante e conformista sertanejo. 

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