Um dos mais populares comediantes do Brasil em Stand-up Comedy – categoria americana onde a comédia é escrita e apresentada de cara limpa, sem personagens –, o pernambucano Rodrigo Marques é um dos apresentadores do A Culpa é do Cabral, programa do Comedy Central Brasil, que tem episódios inéditos às 23h10, no canal por assinatura.
ENTREVISTA EXCLUSIVA
JORNAL DO COMMERCIO – Quando e por qual motivo você começou a fazer humor?
RODRIGO MARQUES – Eu comecei a fazer humor desde cedo, meu pai, José Maria Marques, era ator e diretor de teatro e minha mãe, Lana, é a pessoa mais engraçada do mundo. Sempre fui apaixonado pelo teatro, nunca pensei que iria realmente subir aos palcos, gostava mais dos bastidores. Até que um dia, fazendo a faculdade de jornalismo, durante uma apresentação de um trabalho, um professor falou que eu deveria fazer stand-up, não sabia o que era. Apenas assistia mas não conhecia a fundo o gênero. Pesquisei, me interessei muito, procurei quem fazia na cidade e entrei em contato, fiz minha apresentação e vi que era aquilo que faltava na minha vida.
JC – Qual a sua relação com os outros comediantes de Pernambuco?
RODRIGO – Fiz stand-up durante muito tempo no Recife, tinha uma noite fixa no Camaleão Bar, uma noite que ainda existe. Mas meu primeiro grupo foi Os Ideais da Comédia, formado por Gustavo Pardal, Renato Bartolomeu e Kedny Silva. Começamos juntos e viramos amigos além dos palcos. Ministrei dois workshops de stand-up no Recife onde criei amizade com toda a nova geração de humoristas da cidade. Temos um grupo no whatsapp, marcamos saídas além do trabalho e com isso o stand-up comedy pernambucano se tornou uma grande família. Vem crescendo cada vez mais. Já temos mais de 30 humoristas na cidade.
JC – Como você entrou no Comedy Central?
RODRIGO – A primeira vez que participei do Comedy Central foi quando me chamaram para fazer o meu especial de stand-up comedy, desde lá já são 3 especiais e agora o programa.
JC – Qual é o tema principal do A Culpa é do Cabral?
RODRIGO – O programa fala sobre as diferenças culturais do Brasil com muito bom humor. O programa é um adaptação do La Culpa es de Colon, programa que era feito com um integrante de cada um dos cinco países da América Latina. Aqui no Brasil mudamos para Cabral e pegamos cinco integrantes do Brasil. Eu estou lá representado o Nordeste.
JC – Como os textos do programa são escritos?
RODRIGO – O programa é como se fosse uma grande mesa de bar, a diferença é que são humoristas que estão nela. Temos uma equipe de roteiristas que criam os quadros e cada humorista cria o seu o próprio material. Uma espécie de base de roteiro, na hora mesmo do gravando, acontece muito improviso que considero o grande diferencial. Gravamos como se fosse ao vivo.
JC – Haverá outras temporadas quando essa acabar?
RODRIGO – Já sou muito feliz de ter gravado essas duas temporadas, considero uma grande honra representar essa região maravilhosa do Brasil no maior canal de humor do mundo. A minha eterna torcida é que tenha sim mais temporadas. Sinto que o público tem gostado bastante e o canal também. Além disso, toda a equipe é maravilhosa e todos se divertem muito durante as gravações. É um programa realmente especial. Amo gravar junto com os outros apresentadores, Fabiano Cambota, Nando Viana, Rafael e Portugal e Thiago Ventura. É um eterno aprendizado.
JC – Quais são os seus projetos além do programa? Quando essa temporada acabar você continuará produzindo para o Comedy Central?
RODRIGO – Penso em começar a rodar o Brasil com o meu show o quanto antes, e isso é um dos motivos por eu ter me mudado para São Paulo. Quero que mais pessoas conheçam meu trabalho. Torço sempre para mais projetos no Comedy Central.
JC – Como está sendo trabalhar com stand-up em São Paulo? Sua média de apresentações continua alta?
RODRIGO – Felizmente tenho conseguido uma média excelente de shows aqui em São Paulo e espero que continue assim ou aumente. A grande diferença aqui é a quantidade de humoristas e Comedy Clubs. É uma cidade que tá respirando humor. No Recife, temos apenas duas noites. A Quarta do Riso no Camaleão Bar e domingo no Texanno’s Bar. Mas sei que se depender dos humoristas do Recife, isso vai aumentar cada vez mais.
JC – Qual a diferença do público paulistano para o daqui?
RODRIGO – Quanto ao público, realmente não vejo muita diferença. Apenas que o povo recifense é muito gaiato. Então às vezes rola um pouco de desafio do cara da plateia. Ele te olha no palco e pensa: “Vamos ver se realmente esse cara é engraçado”. Mas acho isso excelente, foi onde aprendi a fazer humor.
JC – Se o nosso leitor ainda estiver em dúvida sobre assistir ou não o A Culpa é do Cabral, o que você diria para ele?
RODRIGO – Assista, que eu acabei de me mudar pra São Paulo e as coisas por aqui são mais caras. Preciso de dinheiro. Além disso, o programa está excelente, uma verdadeira diversão garantida. Você vai conhecer o Brasil e suas diferenças sentado no sofá de sua casa dando muita gargalhada.
