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Edson Cordeiro: "Minha música está perfumando o mundo"

Ele lança o disco Paradiesvogel, ainda inédito no Brasil

JOSÉ TELES
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Publicado em 05/01/2017 às 16:58
foto: divulgação/Edu Lopes
Ele lança o disco Paradiesvogel, ainda inédito no Brasil - FOTO: foto: divulgação/Edu Lopes
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No final dos anos 80, um jovem cantor tornava disputado o espaço do pequeno Photo Café, em São Paulo. Era Edson Cordeiro, um jovem de 22 anos, com um registro vocal raro, que não se prendia a gênero, ia do caipira à ária de óperas. Logo estava sendo entrevistado no programa de Jô Soares. Em setembro de 90, fazia a primeira investida no Rio, no Mistura Up. A chamada do show: “Você nunca ouviu nada igual”.

Há quase dez anos, Edson Cordeiro mudou-se para a Alemanha. Apresenta-se desde então em palcos europeus, com eventuais passagens pelo Brasil. De hoje a sábado, ele canta no Caixa Cultural, mostra o espetáculo The Countertainer, com base no disco Paradisvogel, ainda sem edição nacional: “ O álbum fala de pássaros e de pessoas que, de alguma forma, são especiais na minha carreira, que cantam no meu ouvido há muito tempo. Como não canto com freqüência no Brasil, não me prendo só a um disco. Eu não tenho disco de rádio, tenho disco de palco, e são estes discos de palcos que eu tenho sempre o prazer de voltar a cantar”, comenta Edson Cordeiro, em conversa por telefone.

Ele deixou o Brasil com a carreira em progressão, com público certo e sabido. O inevitável afastamento da mídia brasileira, levou muita gente a especular que tinha deixado a carreira. Para estes tem resposta na ponta da língua: “Sempre falo pras pessoas que encontro na rua, que perguntam se eu parei. Dez letras me separam desta resposta. São as letras do meu nome. Se colocar no computador você vai ver que não parei. Hoje em dia não tem desculpa para o nunca mais ouvi falar de você. Não ouviu falar porque não quer. Se você botar no Google vai ver minha agenda, eu não paro, eu estou no mundo Levo o Brasil na garganta, e canto este Brasil da minha maneira pelo mundo. Eu não paro. Nunca parei nada, primeiro que não sei fazer outra coisa, só cantar. Como diz Maria Bethânia, musica é perfume, e ela não tem barreira, ela vai muito mais rápido do que qualquer outra arte e minha musica está perfumando o mundo”.

FADO

Com a edição física de Paradiesvogel (Ave do Paraíso) prestes a ser lançado no Brasil, Edson Cordeiro já está com um novo trabalho na ponta da agulha, cantando fados, que será lançado em março. Ao ser perguntado por que fado, ele responde com outra pergunta: “Por que não fado? A pergunta que eu lhe faço, é por que não fazer isso? A pergunta que rege a minha vida. E produzo meus próprios CDs, com o meu marido. A gente trabalha junto, tudo que eu tenho vontade de cantar eu canto. Eu nunca deixo de responder esta pergunta com por que sim, porque eu gosto, acho que a vida curta, e com quase 50 anos anos é ainda mais curta. Quero deixar pro mundo a minha voz e música que eu amo. É isso, porque sim”.

O repertório do álbum de fados é calcado na obra de Amália Rodrigues que, revela Edson Cordeiro, o fez amar o fado. Sem esquecer que ele tem em Portugal um de suas plateias mais fieis.

Os motivos que o levaram a morar fora do país quando a carreira estava, como foi acentuado, em progressão, é assim explicada por Edson Cordeiro: “ Ela progrediu para outros países. Desde 92, faço show na Europa, e consegui algo difícil de conseguir para um artista brasileiro, formar um publico estrangeiro. Canto com o maior prazer para o publico brasileiro, mas 95 do meu publico são europeus. Este publico é ávido em saber o que estou fazendo. Não estou na Europa porque parei algo, apenas continuei meu trabalho pelo mundo. Mas venho entre quatro a cinco vezes por ano ao Brasil”, esclarece.

ELOGIOS

Da Alemanha, Edson Cordeiro acompanha o que acontece na música popular brasileiro. Afirma que não se interessa pelo mercado, porque, ressalta, não é empresário: “O que meu ouvido e meu coração procuram é música. Por exemplo, eu adoro Isadora Melo, maravilhosa, Johnny Hooker, que é daí também. A Isadora é um voz necessária na musica brasileira. Ela realmente pode desintoxicar qualquer ouvido doente, porque esta mulher quando canta é uma cura, é maravilhoso, e Johnny é maravilhoso. Tem muita coisa boa no Brasil. Quando falam que só tem merda é mentira, a gente tem acesso a internet. Se você gosta e vive na merda, você vai atrair merda. Se a sua alma precisa de vitamina, sais mineirais, musica boa você vai achar. Existe muito artistas, para todos os ouvidos e necessidades da alma. Isadora melo é pra mim é uma das vozes mais lindas que já ouvi. Não sou pessimista, a gente faz a trilha sonora de nossas vidas”

Acrescentando que pretende conhecer Juliano Holanda, ao qual se derrama em elogos, e diz ter interesse em grava-lo, Edson Cordeiro adianta que presta uma homenagem a Pernambuco nos shows no Caixa Cultural: “Serão duas homenagens, uma é um poema de João Cabral de Melo Neto, que abriu meu segundo disco, sou apaixonado pela poesia dele. A segunda é o Frevo de Orfeu, foi composto por Tom Jobim, ma estou cantando especialmente para o Recife, esta cidade que só me deu alegrias. 

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