Maratona

24º Janeiro de Grandes Espetáculos aposta em novo perfil

Com espaço da música consolidado, festival segue até 28 de janeiro

Márcio Bastos
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Márcio Bastos
Publicado em 11/01/2018 às 14:31
Flore Negri/Divulgação
Com espaço da música consolidado, festival segue até 28 de janeiro - FOTO: Flore Negri/Divulgação
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A 24ª edição do Janeiro de Grandes Espetáculos, que começa nesta quarta-feira (10), às 19h, no Teatro de Santa Isabel, marca a consolidação de alguns aspectos que já vinham se desenhando há alguns anos. Com Paulo de Castro sozinho na produção – Paula de Renor e Carla Valença deixaram a equipe ano passado – o evento assume de vez um perfil pot-pourri, reunindo trabalhos sem um desenho curatorial específico. Agora, assume também o nome de Festival de Artes Cênicas e Música de Pernambuco, confirmando o papel cada vez maior dos shows na sua grade. Até o dia 28 deste mês, serão apresentadas 67 montagens, entre teatro, dança e música, entre locais, nacionais e internacionais. Para dar início à maratona, Isadora Melo encena Dorinha, Meu Amor, de João Falcão, às 20h30. Você confere a programação completa aqui.

Composto majoritariamente por obras locais apresentadas durante o ano anterior, o 24º Janeiro de Grandes Espetáculos ressalta Dorinha, Meu Amor como um exemplo da qualidade das produções do Estado, além de reconhecer o fenômeno que foi a temporada de quase dois meses no Teatro Arraial – com sessões lotadas. Idealizado por Falcão e Isadora Melo, que tinham colaborado em Gabriela – Um Musical, em 2016.

“O espetáculo nasceu a partir de muitas conversas. Isadora tem um humor muito teatral, mas nunca tinha colocado isso em cena. Além disso, canta lindamente, então foi ótimo fazer essa experimentação. Começamos sem saber onde iria dar, só sabíamos que seria uma produção esmerada, mas enxuta em termos de recursos”, afirma João Falcão sobre a construção da obra.

De fato, Dorinha, Meu Amor foi feito a partir de uma campanha de financiamento coletivo, arrecadando cerca de R$ 30 mil. A resposta do público já antecipava para a equipe que o caminho trilhado era positivo e estava em consonância com o momento da produção pernambucana em que os artistas têm produzido independente dos incentivos governamentais (cada vez mais escassos).

“O Brasil está passando por um período muito estranho e, por consequência, a desvalorização da cultura está gritante. Também no sentido de oportunidades, tem muita gente fazendo coisa boa, mas sem visibilidade ou apoio porque a concentração do incentivo é absurda. Mas a gente não pode deixar de fazer arte porque não tem um bom patrocínio; mais importante é ter um bom projeto artístico. Acho que, no geral, estamos reaprendendo a fazer teatro nos moldes de antigamente”, reforça.

PARCERIAS E PROJETOS

Além de Isadora, o musical conta ainda com Juliano Holanda (guitarra) e Rafael Marques (bandolim), além de participações especiais a cada apresentação. No caso do Janeiro de Grandes Espetáculos, quem também estará no palco é Flaira Ferro. No repertório, canções de Antônio Maria, Lupicínio Rodrigues, Alceu, Chico Buarque, Isolda, Roberto Carlos, entre outros.

“Dorinha me deu a oportunidade de dialogar com a cena atual do Recife, tanto de teatro quanto de música. Assisti ao Magiluth, dialoguei com o Coletivo Angu, além de acompanhar os trabalhos de Juliano Holanda, Almério, Thiago Martins, Flaira Ferro, Igor Carvalho, Marcelo Rangel, Ylana Queiroga, só para citar alguns”, conta o diretor, que vive no Rio desde os anos 1990.

Ele conta que está desenvolvendo um novo trabalho para a Globo, ainda em fase incipiente, além de um série sobre teatro para o canal fechado Arte 1, na qual convida grupo de artistas para trabalhar um texto dramático. A estreia deve ocorrer no segundo semestre.

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