Graça Araújo

Conheça a trajetória da jornalista Graça Araújo

Nascida em Itambé-PE, Gracilane Araújo começou a trabalhar aos 14 anos até conseguir o primeiro emprego em comunicação

Flávia Gusmão e Robson Gomes
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Flávia Gusmão e Robson Gomes
Publicado em 08/09/2018 às 15:19
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Nascida em Itambé-PE, Gracilane Araújo começou a trabalhar aos 14 anos até conseguir o primeiro emprego em comunicação - FOTO: Foto: JC Imagem
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“Eu tinha tudo para dar errado, mas agradeço a Deus por ter dado certo. Acho que sou uma vitoriosa”. Não importando quantas fossem as vezes que Maria Gracilane Araújo da Silva, nascida em Itambé, Zona da Mata Norte de Pernambuco, contasse sua história de vida, ela sempre repetia esta frase, dita de um jeito ou outro, sem alterar o seu teor, precioso e verdadeiro.

Graça Araújo, como ficou conhecida por milhões de telespectadores e ouvintes, tinha todo direito de se orgulhar de sua trajetória: ficou órfã de pai aos três anos de idade, na companhia da mãe e dos seis irmãos. Precisaram migrar para sobreviver em São Paulo, começou a trabalhar aos 14: “Tenho lembrança de uma infância bem sofrida. Você ser pobre e ainda órfã é complicado. Minha família fez o que a maioria fazia: migrava para São Paulo em busca de trabalho. Isso me salvou, acredito, da estatística da mortalidade infantil”, contou ela numa entrevista concedida em fevereiro deste ano ao Portal NaTelinha.

'Consultório de Graça'

Na quinta-feira (06/09), Graça não alterou um milímetro da sua rotina, disciplina poderia ser seu nome do meio. Chegava na redação logo cedo para cuidar do TV Jornal Meio-Dia, noticiário no qual exercia as funções de editora-chefe e âncora; almoçava e se dedicava ao programa Rádio Livre, apresentado por ela e cujo quadro Consultório de Graça era um tremendo sucesso de audiência e interação com os ouvintes. Ao fim do expediente, Graça seguia para sua rotina de exercícios físicos. Ex-fumante, costumava dizer que, de tanto fazer programas sobre bem-estar e saúde, modificou seus próprios hábitos: largou o cigarro, passou a se alimentar com qualidade, se submetia a check-ups, deixou de ser sedentária, e até virou maratonista.

Depois de cumprir o treino que fazia regularmente numa academia de Boa Viagem, a apresentadora perdeu a consciência e foi levada pelo Samu para o Hospital Esperança, na Ilha do Leite, área central do Recife, onde deu entrada por volta das 19h. O diagnóstico, Acidente Vascular Cerebral (AVC) hemorrágico, extenso e gravíssimo, a deixou sob cuidados intensivos (UTI), numa luta pela vida, que se encerrou no dia 8 de setembro, aos 62 anos, quando o óbito foi declarado pelos médicos.

Querida por todos

Nos dias que antecederam o trágico desfecho, o que se viu, espalhado pelas redes sociais, foi a enormidade da admiração e bem-querer que Graça Araújo deixou por onde passou: ex-colegas de profissão, estagiários que com ela aprenderam um rigoroso código de conduta e o amor pelo fato bem-apurado, amigos e fãs fizeram uma torcida organizada que repetia em uníssono: “Levanta, guerreira!”. Porque, de todas as qualidades reunidas por Graça, esta talvez fosse a que ela trazia estampada na pele. A voz era sua marca registrada: grave, mas suave; firme, mas melodiosa, deixando entrever entre as camadas sonoras um bom humor sempre pronto a aflorar. Impossível não reconhecer a voz de Graça Araújo. Durante mais de duas décadas ela soou nos nossos ouvidos: com notícias, com análises, com críticas, com apoio, com elogios, com força. Era para Graça Araújo ter sido médica. Pelo menos, este foi o sonho inicial.

Não houvesse ela ido trabalhar como secretária numa revista, ainda em São Paulo, provavelmente o mundo teria ganhado uma grande profissional de saúde. “Eu via a redação e pensava: ‘Olha, isso é melhor que medicina’”, declarou na entrevista ao Portal NaTelinha. É que Graça tinha fé na força curativa da palavra, no poder que elas têm de provocar reflexões e transformações. O jornalismo era seu bálsamo. Formada nos anos 1980 pela Faculdade Integrada Alcântara Machado, Graça voltou para Recife em busca de sua grande paixão: o rádio. “Tudo o que eu sei aprendi no rádio. Foi o rádio que me preparou para a televisão”, declarou ela, em entrevista à jornalista Janaína Lima, do Jornal do Commercio. Passou pela Rádio Transamérica e pela Rádio Clube, mas foi o Sistema Jornal do Commercio que se tornou sua segunda residência, por 27 anos. Graça Araújo deixa órfã uma legião de fãs, sem o seu tradicional “até amanhã”, reverberado pela TV e pelo rádio. “Penso em Deus todos os dias. Se todo mundo acreditasse nele e fizesse o que ele diz, amar o outro como a você mesmo, a gente resolvia tanta coisa”, repetia ela, com um sorriso que enchia todas as telas, com a voz de quem acredita.

O velório de Graça Araújo será ainda neste sábado (8), a partir das 19h no Morada da Paz, no Paulista. O corpo será cremado às 16h deste domingo (9).

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