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O drama de quem precisa de um estágio para concluir a graduação

O estudante de engenharia civil, Pedro Ramos, decidiu ir às ruas em busca da primeira experiência profissional

Bruno Vinicius
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Bruno Vinicius
Publicado em 20/07/2018 às 11:00
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
O estudante de engenharia civil, Pedro Ramos, decidiu ir às ruas em busca da primeira experiência profissional - FOTO: Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
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“Cheguei a ir de obra em obra procurando estágio, mas nada se resolveu. Recentemente fiz o banner e quando bateu a coragem decidi vir para cá”. Há quatro dias, o estudante do nono período de engenharia civil, Pedro Henrique Ramos, 24 anos, estende um cartaz durante cinco horas diárias em frente ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (CREA-PE), na Avenida Agamenon Magalhães, na tentativa de conseguir o primeiro contato com o mercado de trabalho na área profissional que escolheu.

A realidade do estudante é a mesma de outros graduandos de engenharia: após a retração do setor de construção civil, agravada a partir de 2015, houve uma queda brusca na oferta de vagas para os estudantes, segundo o Centro de Integração Empresa-Escola de Pernambuco (CIEE-PE).

Efeitos que Pedro sente até hoje. Procurando estágio desde o quinto período, quando deixou um emprego em outro setor, o estudante só encontra percalços. “Mando currículos para todas as empresas que vejo nas plataformas da internet. Quando eu chegava nas entrevistas, todas pediam experiência, coisa que eu não tenho. Com vou ter experiência se eu não tenho a primeira oportunidade de estágio?”, questiona o graduando, que precisa da primeira atividade profissional para concluir o curso.

A ideia de ir às ruas surgiu a partir da decepção do estudante com as seleções de que participava. “Quando comprei uma motocicleta, fui batendo de obra em obra, aqui na cidade, para ver se conseguia. Mas a ideia de vir aqui para Agamenon surgiu depois da última seleção de estágio que eu participei, em que todas as pessoas selecionadas já tinham experiência profissional”, revela, explicando que a situação vem piorando para os estudantes do curso: “De setenta pessoas da minha turma, apenas vinte estão com estágio ou conseguiram durante a graduação. São pouquíssimas vagas para muitas pessoas e as que conseguiram foi por causa de indicação de alguém”.

Efeitos da crise

A realidade atual é diferente de quando o estudante entrou no curso, em 2014, quando sobravam vagas de estágio para os graduandos. “Antes da crise, era muito difícil preencher as vagas, principalmente, nos setores das engenharias. Houve época em que íamos até as faculdades em busca dos estudantes que estavam sem estágio”, ressalta a superintendente adjunta do CIEE-PE, Ana Patrícia de Oliveira.

Cenário piorou com agravamento da crise, a partir de 2015, confirma CIEE

De acordo com ela, a recessão afetou diretamente a oferta de vagas. “Se antes a gente não tinha jovem para encaminhar, hoje não há vagas em quase todas as áreas. As exceções são administração, educação, direito e tecnologia, que dispõem de mais oportunidades”, comenta Ana Patrícia.

A engenheira química Tayse Cruz, 24, foi outra estudante que enfrentou o auge da crise e precisou atrasar o curso em dois anos até achar uma vaga de estágio. “Em todas as empresas que eu fazia processo seletivo exigiam experiência de mercado. Cheguei a trancar o curso por seis meses, porque eu não tinha estágio e já havia concluído todas as disciplinas. O estágio era requisito para que eu me formasse”, relata. A esperada oportunidade só veio depois de um intercâmbio fora do País. “Passei por cinco seleções e consegui um estágio em uma empresa multinacional, finalmente”, diz, aliviada.

Contato:

Caso queira entrar em contato com o estudante Pedro Henrique Ramos, você pode ligar no número 98687-3003 ou enviar um email no endereço [email protected].

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