IPC

Alta de Vestuário destoa de projeção, diz Fipe

Já os grupos Alimentação e Habitação, que mais têm peso na formação do IPC-Fipe, de mais de 60%, continuaram pressionando o índice cheio no período em análise

Agência Estado
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Publicado em 18/11/2011 às 13:10
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O aumento dos preços de Vestuário foi o que mais chamou a atenção do coordenador-adjunto do Índice de Preços ao Consumidor (IPC), Rafael Costa Lima, na segunda quadrissemana de novembro. No período, o grupo registrou variação positiva de 0,97%, enquanto a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) previa um aumento de 0,73%. Já o IPC acelerou de 0,53% na primeira quadrissemana do mês para 0,59% na segunda medição, levemente acima da mediana de 0,57% encontrada em levantamento realizado pelo AE Projeções com o mercado financeiro.

"Foi o único que destoou das nossas projeções, mas a diferença nem é tão grande assim. A alta indica que alguns consumidores estão antecipando as compras de fim de ano e esse movimento sempre vem acompanhado de aumento de preços", explicou ele em entrevista à Agência Estado.

Costa Lima ressaltou que, dentro do grupo Vestuário, o destaque foi para a retomada de alta nos preços do subgrupo Roupa Feminina, que passaram de queda de 0,31% para aumento de 0,28% na segunda quadrissemana de novembro. "Já roupas infantis e calçados permaneceram com taxas positivas. No geral, esse setor deve continuar com preços elevados", disse. Segundo a Fipe, o item Roupa Infantil saltou de 0,89% para 1,04%, enquanto Calçados e Acessórios de Vestuário avançaram 2,44% na segunda medição do mês, ante 2,06% anteriormente.

Já os grupos Alimentação e Habitação, que mais têm peso na formação do IPC-Fipe, de mais de 60%, continuaram pressionando o índice cheio no período em análise como o esperado por Costa Lima. Os dois setores, que apresentaram altas de 0,80% e 0,60%, respectivamente, também tendem a permanecer deixando o IPC-Fipe mais elevado.

Segundo o coordenador do índice, a mudança de padrão mais expressiva foi observada nos alimentos in natura, que vinham caindo e passaram a subir (de -0,08% para 0,62%). "Foi o único segmento que teve uma mudança mais forte de trajetória de preços puxado pela valorização de preços de legumes, tubérculos e verduras, provavelmente por conta de efeitos sazonais. Há um mês esses produtos estavam com variação negativa e voltaram a subir com exceção de tubérculos, que ainda continuam caindo um pouco. Provavelmente vão continuar acelerando", salientou.

Embora o pico do aumento do reajuste de 6,83% nas tarifas de água e esgoto, aplicado pela Sabesp desde o dia 9 de setembro, tenha chegado ao fim na segunda quadrissemana de novembro, Costa Lima alerta que o grupo Habitação deve continuar influenciando o IPC para cima. "Os preços dos alugueis seguem elevados e os dos imóveis também", avaliou. Na segunda medição do mês, os preços de água e esgoto tiveram valorização de 4,28%. A expectativa da Fipe é de que o reajuste seja repassado ao IPC até a segunda quadrissemana de dezembro.

Para Costa Lima, outro grupo com chances de continuar exercendo força sobre o IPC nos próximos meses é o de Despesas Pessoais, que acelerou na segunda quadrissemana (de 0,91% para 1,01%), com destaque para o aumento das passagens aéreas (de 11,31% para 12 72%). "A elevação teve início em meados de outubro, imagino que por questões de reestruturação do setor. Como estamos no fim do ano e em época de alta temporada, o efeito sazonal pode influenciar os preços", estimou.

Já a variação positiva de 0,07% do setor de Transportes, ante leve queda de 0,01% na primeira quadrissemana de novembro, é considerada "normal", na opinião do coordenador-adjunto da Fipe, em razão da entressafra de cana-de-açúcar. "Tanto o etanol quanto a gasolina subiram (0,45% e 0,26%) na quadrissemana, mas não são aumentos que forcem uma reavaliação de perspectiva para o IPC", frisou.

Nesta sexta (18), a Fipe elevou sua estimativa para o índice em novembro, de 0,55% para 0,59%, após o movimento surpreendente do indicador na primeira quadrissemana do mês (0,53% ante 0,39% no fechamento de outubro). "A inflação está alta, mas não está dando sinais de aceleração nem de desaceleração contundente. A expectativa é de que o IPC encerre o ano com ganhos acumulados em torno de 5,70%" concluiu Costa Lima.

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