Enquanto o governo e a Petrobras discutem uma política de preços para o diesel e a gasolina que seja viável para a empresa e não penalize os consumidores com reajustes constantes, o gás natural veicular (GNV), que também é fornecido pela Petrobras, já tem uma composição de preços diferenciada e bem mais vantajosa para os motoristas.
Além de ter a menor carga tributária entre todas os combustíveis, o GNV não é afetado pelo alinhamento direto com a cotação diária do mercado internacional do petróleo e do dólar. Apenas os impostos federais incidem sobre o GNV para o consumidor (9,25% de Pis/Cofins); o ICMS (estadual) é zerado. Na gasolina, as tarifas são 29% de ICMS e 16% de Cide/PIS/PASEP e Cofins. “A baixa tributação do GNV faz parte de uma política antiga de estímulo ao uso desse combustível pelos motoristas para que compense o investimento feito na conversão do carro”, explica José Waldir Ferrari, diretor técnico da Copergas, empresa responsável pela distribuição do gás natural em Pernambuco. Ferrari explica ainda que a arrecadação estadual só existe entre a Copergas e a Petrobras, e fica em 12% de ICMS.
Enquanto, pela política da Petrobras, o preço da gasolina pode variar diariamente (o que acontecia também com o diesel, antes do acordo feito com os caminhoneiros e que congelou os reajustes por 60 dias), no mercado de gás natural o preço só sobe a cada três meses. Além disso, a mudança no preço do GNV só é aplicada depois de avaliada e aprovada pela Agência de Regulação de Pernambuco (Arpe). O último reajuste autorizado pela Arpe, em fevereiro deste ano, foi de 4,77%. Assim como acontece com os outros combustíveis, o mercado é livre e o dono do posto de combustível pode aplicar na bomba um preço que considere justo pelo GNV. Mesmo assim, a vantagem continua. Hoje, o preço do gás natural veicular nos postos do Recife é de R$ 2,59 em média, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP). A gasolina, tem preço médio de R$ 4,59.
GÁS
A economia que se faz ao converter o motor do veículo para o GNV já é conhecida. Em números, chega a 55%, se comparado a outros combustíveis líquidos, segundo a Copergás. Mas a recente greve dos caminhoneiros mostrou outra vantagem para quem investiu cerca de R$ 5 mil na conversão do veículo. Por ser distribuído para os postos através de gasodutos, não houve desabastecimento durante a paralisação. Dos 67 postos que oferecem GNV em Pernambuco, apenas oito são abastecidos por carretas.
Segundo levantamento realizado pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a Petrobras reajustou o preço da gasolina nas refinarias 16 vezes em 30 dias (entre 22 de abril a 22 de maio) aumentando o preço em cerca de 20%. Isto, somado a greve dos caminhoneiros, fez a procura por kits de conversão nas oficinas de GNV dispararem. “O mercado já estava aquecido desde o ano passado mas na greve, aumentou muito. Antes eu convertia cinco veículos por dia. Hoje são cerca de 15 carros convertidos diariamente para uso de GNV”, diz o proprietário da Via Gas, Eimar Morais. Pernambuco tem cerca de 50.300 veículos movidos a GNV.
