SAÚDE SUPLEMENTAR

Entre SUS e planos de saúde, apps e fintechs surgem como opção

Nos últimos três anos, os planos privados perderam mais de três milhões de beneficiários no Brasil

Lucas Moraes
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Lucas Moraes
Publicado em 18/07/2018 às 7:00
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Alternativa ao Sistema Único de Saúde (SUS), os planos privados de assistência médica tornaram-se proibitivos nos últimos anos, principalmente com a crise econômica minando a renda do cidadão. No vácuo entre um serviço gratuito e demorado e outro caro, e nem sempre eficiente, a tecnologia está viabilizando outras opções que prometem “salvar” o consumidor ao menos nos momentos de maior necessidade. É o caso de aplicativos para celular e até de fintechs (empresas de tecnologia financeira) que se propõem a desburocratizar a relação entre médico e paciente, reduzindo os custos das consultas e dando ao consumidor o poder de escolha.

Se nos últimos três anos, segundo números da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os planos perderam mais de 3 milhões de clientes no País, desde de 2014, a TemSaúde, operadora de cartão pré-pago para pagamento de consultas, multiplica a cartela de clientes. No fim de 2017, a empresa chegou à marca de 1,7 milhão de cartões emitidos para atendimento em mais de 6 mil pontos no Brasil. “A nossa base de clientes hoje é de pessoas que não tinham acesso à saúde além do SUS (60%) e de outro grupo que não tinha mais como arcar com o custo dos planos(40%)”, diz o sócio-fundador do serviço, Tuca Ramos.

Embora não forneça atendimento hospitalar, a fintech fornece cartões pré-pagos, ao custo mensal de R$ 19 a R$ 21 para uso por até seis pessoas em consultas médicas e odontológicas, além de exames laboratoriais. Na hora em que precisa de uma consulta ou exame, o usuário recarrega o cartão com o valor de cada procedimento específico. A vantagem, neste caso, é a redução significativa do valor dos serviços. “Um atendimento clínico que chega a custar R$ 270 sai por R$ 80 para quem usa o cartão na rede credenciada”, reforça Tuca Ramos. Em Pernambuco, segundo o empresário, mais de 65 mil pessoas fazem uso do serviço em 453 unidades de saúde, entre elas o a+ medicina diagnóstica, Hospital de Olhos Santa Luzia, Centro de Diagnóstico Boris Berenstein, entre outros.

 

 

Outro sistema de cartão pré-pago para consultas que deve chegar ao Estado até o fim deste ano, é o Vale Saúde Sempre, fundado pelo ex-presidente da CrediCard Eduardo Brigagão. Com mensalidade de R$ 29, a fintech tem registrado alta na procura dos serviços não só nas modalidades individual e família, como nas empresas. “Aquelas que não têm obrigação de oferecer plano de saúde já querem ofertar o nosso serviço aos colaboradores”, afirma Brigagão, sem citar números. A TemSaúde, que iniciou as operações no segmento empresarial com 10 mil vidas atendidas, saltou para 100 mil em 2017.

Atendimento hospitalar

Embora a ANS não seja responsável pela regulação dos cartões pré-pagos – tarefa que cabe ao Banco Central – a agência alerta que os cartões não são planos de saúde. Segundo cartilha publicada pelo órgão, os planos não podem oferecer a opção pré-paga, já que oferecem serviços como atendimento de alta complexidade, que até então não são custeados pelas fintechs.

O atendimento hospitalar, no entanto, já está no radar do aplicativo Dandelin. Lançado em abril, o app divide entre os usuários os custos das consultas, mantendo as mensalidades em no máximo R$ 100 por membro. “Até agora só estamos em São Paulo. Nosso objetivo é dividir os custos até mesmo para atendimentos em hospitais. Ainda não temos nenhuma legislação específica que nos regule, mas estudamos a possibilidade de ampliar o negócio”, confirma a diretora da Dandelin, Mara Redigolo.

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