Indústria

Estaleiro Atlântico Sul conquista a encomenda de oito navios

Empresa com braço em Cingapura vai investir R$ 2,2 bilhões nas embarcações

Da editoria de economia
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Publicado em 07/12/2016 às 7:00
Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Empresa com braço em Cingapura vai investir R$ 2,2 bilhões nas embarcações - FOTO: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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O polo naval de Pernambuco volta a ganhar fôlego com a confirmação da encomenda de oito navios da South American Tanker Company Navegação S.A. (Satco) para o Estaleiro Atlântico Sul (EAS). As duas empresas assinaram memorando de entendimentos em outubro deste ano. Ontem o Fundo de Marinha Mercante (FMM) concedeu prioridade de apoio financeiro à Satco para a aquisição das embarcações. O pacote de navios representa um investimento de R$ 2,2 bilhões e vai garantir carteira ao EAS até 2020.

A Satco é uma Empresa Brasileira de Navegação (EBN), com investidores internacionais e ligação com a Eastern Pacific Shipping (EPS), a maior companhia privada de navegação do mundo, com sede em Cingapura. A procura por novos contratos para o EAS começou desde 2015, quando a crise econômica atingiu a indústria naval brasileira. Há expectativa de que os navios construídos pela Satco sejam afretados pela Petrobras.

Além de garantir projetos para os próximos anos, as encomendas também vão preservar os empregos e permitir que o EAS possa ser competitivo em âmbito global. Até agora, todas as encomendas do estaleiros estavam vinculadas à Transpetro (braço de Transporte da Petrobras), assim como toda a retomada da indústria naval no País. Com a crise na Petrobras e a política de desinvestimentos para fazer caixa, a estatal encolheu o Programa de Expansão e Modernização da Frota (Promef) e cancelou a encomenda de sete navios com o EAS e de dois com o Vard Promar.

O pacote da Satco vai substituir o cancelamento das encomendas da Transpetro e apresentar nova perspectiva para o setor em Pernambuco. Com a crise da Petrobras e o cancelamento de pacotes dos sete suezmax e de sete navios-sonda, a construção naval perdeu 3 mil empregos no Estado.

“A maioria dos estaleiros brasileiros não sobreviveu ao momento econômico pelo qual estamos passando, enquanto os nossos souberam aprender com as dificuldades, aumentando seus níveis de competitividade e reconquistando encomendas que haviam sido perdidas, além de novos clientes, inclusive de fora do Brasil. O Governo tem papel ativo no apoio a esse setor, em que o EAS e o Vard Promar têm carteiras de encomendas que asseguram suas operações pelos próximos anos”, diz o secretário de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco e presidente do Porto de Suape, Thiago Norões.

FINANCIAMENTO

Além do pacote da Satco, o Fundo de Marinha Mercante também aprovou R$ 9,15 bilhões para outros projetos da indústria naval. Desse total, R$ 3,18 bilhões serão destinados à construção de cinco navios-tanque do tipo suezmax pelo EAS ainda para concluir as encomendas com a Transpetro. Essas novas concessões de prioridades de financiamento devem ser publicadas no Diário Oficial da União nos próximos dias.

Desde que foi idealizado, em 2004, o Promef previa a contratação de 22 embarcações ao Atlântico Sul. A previsão era que as entregas ocorressem até 2019, mas os prazos foram prorrogados por atraso nas encomendas. Quando chegou a crise, a Transpetro decidiu cancelar encomendas. Em outubro deste ano, o EAS lançou ao mar o nono navio construído pelo empreendimento. Batizado de Milton Santos, o suezmax é o penúltimo petroleiro a ser entregue à Transpetro da série de dez suezmax do pacote. Em 2017, está prevista a entrada em operação do décimo petroleiro. Já os três aframax restantes serão entregues em 2018 e 2019, também à Transpetro.

A crise da indústria naval nos últimos anos, refletiu no desempenho do PIB de Pernambuco que vem caindo acima da média nacional. No primeiro semestre deste ano (último resultado disponível) a economia local encolheu 6,7%. A atividade figura como uma das principais na indústria de transformação.

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