Infraestrutura

Portos de Suape e do Recife vivem anos de estagnação

Nova Lei dos Portos prejudicou terminais, que ficaram sem poder realizar suas próprias licitações

Adriana Guarda
Cadastrado por
Adriana Guarda
Publicado em 24/09/2018 às 8:54
Foto: Arnaldo Catvalho/JC Imagem
Nova Lei dos Portos prejudicou terminais, que ficaram sem poder realizar suas próprias licitações - FOTO: Foto: Arnaldo Catvalho/JC Imagem
Leitura:

Foram cinco anos de estagnação. Desde a assinatura da Nova Lei dos Portos, em 2013, o governo Federal concentrou as licitações do setor portuário nacional e atravancou o crescimento da atividade. Pernambuco, que ancora no Complexo de Suape parte de sua estratégia de desenvolvimento, foi obrigado a ver o gigante desacelerar. Não bastasse a mudança nas regras, a crise econômica chegou e fez minguar os investimentos. Só a partir desde ano, o segundo terminal de contêineres saiu do fim da fila das licitações e entrou no radar do Ministério dos Transportes. O projeto de R$ 1 bilhão teve audiência pública realizada este mês e deverá ser licitado no início de 2019, já com novo ocupante na cadeira da Presidência da República. Comemorando centenário este ano, o Porto do Recife também foi impactado pelo engessamento da atividade e pela falta de recursos. Assoreado, aguarda há 6 anos por uma nova dragagem para não inviabilizar sua operação.

“Suape não é só um porto, é um complexo industrial portuário que foi preparado ao longo de 40 anos para receber investimentos e se tornar um polo de desenvolvimento. E isso não pode parar. A Nova Lei dos Portos travou o setor em todo o País, mas qualquer governo que ganhar as eleições e assumir a partir de janeiro deverá tirar essa centralização de Brasília, porque não faz o menor sentido. Movimento semelhante aconteceu em 1975 com a criação da Portobras (Empresa de Portos do Brasil), mas a autonomia foi rapidamente devolvida porque o modelo não deu certo”, recorda o presidente de Suape, Carlos Vilar.

Nos próximos anos o investimento projetado para Suape é de R$ 3 bilhões, com destaque para a implantação do segundo terminal de contêineres (Tecon 2) e de um terminal de minérios, com orçamento também estimado em R$ 1 bilhão. “O Tecon 2 coloca Pernambuco no mapa dos portos com capacidade para receber os grandes navios de 366 metros que passam pelo Canal do Panamá e se transformar num hub port. Suape pode até alçar esse status só com o Tecon 1, mas os armadores (donos dos navios) ficariam mais confortáveis se tivessem um porto com uma oferta maior de terminais, o que garante escala. Além disso, a concorrência entre os dois terminais seria saudável para o porto e os clientes”, acredita o professor de Logística e Administração da UniFBV Wyden, Paulo Alencar.

Para preparar sua infraestrutura, o Porto de Suape também vem investindo em constantes atualizações, por meio da realização de dragagens e recuperação do molhe e dos píeres. A ampliação do terminal de açúcar, onde hoje funciona a Agrovia, é outro projeto que poderá receber R$ 90 milhões para movimentar outros grãos. “No caso do terminal de minérios, além da concentração dos arrendamentos e licitações com o governo Federal, o empreendimento também não se viabilizou por conta da ferrovia Transnordestina que não andou e não chegou a Suape. Sem carga não existe terminal”, observa Vilar.

RECIFE

O centenário Porto do Recife, que tem sua história vinculada ao desenvolvimento da Capital pernambucana, enfrentou várias intempéries ao longo de mais de uma década. Além dos constantes problemas de operação, por conta do constante assoreamento dos rios Capibaribe e Beberibe, durante o governo Jarbas Vasconcelos (em 2005) sofreu ameaça de fechamento. Na gestão do ex-governador Eduardo Campos passou por um processo de revitalização urbana e assumiu uma segunda vocação: a turística. O Projeto Porto Novo Recife transformou antigos armazéns num polo gastronômico e cultural, além de sede de empresas de tecnologia. A Copa do Mundo de 2014 também viabilizou a implantação de um Terminal de Passageiros, com investimento de R$ 27 milhões.

“A mudança na Lei dos Portos também nos prejudicou, porque não conseguimos viabilizar novos projetos de arrendamento. Isso sem falar na redução de investimentos do governo Federal, que não nos permitiu realizar nova dragagem. A última aconteceu em 2012. A boa notícia é que teremos orçamento de cerca de R$ 100 milhões para fazer em 2019”, comemora o diretor Comercial e de Operações do Porto do Recife, Marco Dubeux. Com o assoreamento, o calado médio do porto foi reduzido para 9 metros e só consegue receber navios de até 30 mil toneladas. Com a dragagem, a profundidade aumentará para 12 metros e será possível voltar a receber embarcações de 55 mil toneladas. Outro projeto que precisa sair do papel é uma readequação do Terminal de Passageiros, que vai agregar comércio e serviços, com a previsão de ter shopping e funcionar como espaço para eventos.

Últimas notícias