POLÊMICA

Tecnologia do árbitro de vídeo como protagonista na Copa da Rússia

O uso do VAR está sendo decisivo em vários jogos do Mundial

Leonardo Vasconcelos
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Leonardo Vasconcelos
Publicado em 19/06/2018 às 7:33
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O uso do VAR está sendo decisivo em vários jogos do Mundial - FOTO: AFP
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Nem Cristiano Ronaldo, que fez três gols contra a Espanha, nem qualquer outra estrela. Quem vem mais chamando a atenção e sendo mais decisivo nesta Copa do Mundo da Rússia não tem nem pé pra calçar chuteira, mas tem olhos que estão causando muita dor de cabeça para algumas seleções. Trata-se do cada vez mais polêmico árbitro de vídeo, o chamado VAR (sigla em inglês para “Video Assistant Referee”). Entre as seleções que reclamam ter sido prejudicadas pelo uso (ou não) da tecnologia está a brasileira, que, inclusive, entrou com uma representação na Fifa sobre o assunto.

O fato é que a tecnologia parece estar contribuindo mais e de forma mais determinante para o resultado dos jogos deste Mundial do que os atletas que, de fato, deveriam ser os reais protagonistas das partidas. Dos oito pênaltis marcados até agora na competição nada menos que quatro foram assinalados com a ajuda do recurso do vídeo (em três, o juiz tirou a dúvida no monitor que fica na beira do gramado). Os jogos da Rússia mostram que as câmeras deixaram de ser meras coadjuvantes. Antes elas apenas retratavam as partidas, agora tem o poder de mudá-las.

Vale lembrar que o VAR deve entrar em ação em quatro situações de jogo: marcação de gol, cartão vermelho, marcação de pênalti e identificação errada de jogador punido. A cada partida do Mundial, são quatro árbitros de vídeo sendo auxiliados por 35 câmeras e uma ilha de edição com vários ângulos do mesmo lance. Mesmo com a tecnologia, a decisão final permanece sendo tomada pelo juiz que comanda o jogo.

Apesar das polêmicas, na opinião do ex-árbitro pernambucano Wilson de Souza Mendonça, que já foi do quadro da Fifa, o VAR até agora está sendo bem utilizado no Mundial da Rússia. “Todas as intervenções do árbitro de vídeo até agora foram positivas e ele tem facilitado trabalho do árbitro no campo. Todos os momentos em que o VAR agiu foi de forma cirúrgica. Hoje (ontem) mesmo no jogo entre Suécia e Coreia do Sul, quando o árbitro não viu o toque do jogador coreano. Acabou tendo a intervenção do árbitro de vídeo e o do campo parou, olhou a imagem e viu que houve o toque (que deu origem ao pênalti convertido pela Suécia). Então por enquanto está sendo um bom trabalho da arbitragem de vídeo, tem mais pontos positivos do que negativos”, afirmou.

Questionado sobre os lances polêmicos no empate de 1x1 entre Brasil e Suíça, Wilson de Souza foi taxativo. “Não daria falta no Miranda, nem marcaria pênalti no Gabriel Jesus. Aquele toque no Miranda eu não entendi como suficiente para impedir que ele subisse, ele que perdeu o tempo da bola. A Fifa depois analisou o lance e concluiu que foi legal. E o lance em Jesus também. De uma maneira geral, até os árbitros menos experientes estão cometendo poucos erros capitais. E quando eles ocorrem dentro do contexto do árbitro de vídeo está tendo a ajuda”, disse Wilson.

BRONCA

Nas ruas do Recife a opinião é bem diferente em relação ao VAR. “Uma tecnologia que custou um investimento tão alto e não está sendo bem utilizada. Contra o Brasil, o juiz errou nos dois lances decisivos e nem quis consultar o vídeo”, falou o taxista Aderiomar Oliveira. O comerciário João Batista dos Santos também criticou o recurso. “Em vez de ajudar, está atrapalhando. Como é que várias pessoas estão sentadas em uma sala analisando os vídeos e não enxergam direito os lances?”, questionou.

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