Depois de três anos e quatro meses internado no Real Hospital Português, na região central do Recife, o torcedor alvirrubro Lucas Lyra, de 22 anos, está indo para casa. Ainda precisando da cadeira de rodas e com uma leve dificuldade para falar, ele recebeu alta médica na manhã desta segunda-feira (29). Lucas passou todo esse período recebendo tratamento por ter sido baleado na cabeça, no dia 16 de fevereiro de 2013, durante confronto entre torcidas organizadas na frente dos Aflitos, na Zona Norte da cidade.
Quando o crime aconteceu, Lucas recebeu dos médicos apenas 1% de chance de sobreviver. Após passar pelos primeiros procedimentos cirúrgicos no Hospital da Restauração, ele foi transferido para o Português em 22 de abril de 2013. Desde então, o hospital se transformou na segunda residência do torcedor. Durante esses mais de três anos, o quadro clínico de Lucas evoluiu bastante.
“A partir do momento em que Lucas chegou aqui foi uma batalha, não só minha, mas de todos os profissionais que o acompanharam, porque ele é conhecido em todo o hospital. Ele passou em vários setores e todos se identificam com a história dele. Lucas foi melhorando das infecções cerebrais, respiratórias, urinárias. Foi melhorando o grau de desnutrição. Aos pouquinhos, a gente foi tirando Lucas daquela fase crítica e foi programando um plano terapêutico de reabilitação”, contou a médica infectologista Fátima Lima.
Lucas ainda tem comprometimento motor, mas consegue ficar de pé com ajuda do fisioterapeuta. Também consegue se comunicar e comer sozinho. “Lucas sai daqui com uma sequela neurológica ainda, mas passiva de reabilitação por meio de um tratamento prolongado que ele vai fazer em casa”, contou doutora Fátima.
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O torcedor alvirrubro precisou se mudar da antiga casa onde morava, na Várzea, Zona Oeste do Recife, para um prédio no bairro da Torre, Zona Norte. Ele vai receber tratamentos de fisioterapia e fonoaudiologia por meio de home care. Os custos serão 100% arcados pela empresa de ônibus Pedrosa, contratante do segurança José Carlos Feitosa, autor do disparo que atingiu Lucas. Já a contribuição com o aluguel do imóvel será de 90%, enquanto a família Lyra pagará 10%.
“A gente precisou se mudar porque uma das exigências para se instalar um home care é, ao menos, um quarto com suíte. A nossa antiga casa não tinha condições de passar por esse tipo de adequação”, contou a irmã de Lucas, Mirela Lyra.
Ansioso para deixar o hospital, Lucas nem dormiu à noite. “Agradeço muito a Deus pela ajuda e a todos também”, disse antes de começar a próxima etapa de sua nova vida.
