LIMITES

Confusão no Ba-Vi põe em xeque os limites na hora de comemorar gol

Após Ba-Vi, profissionais do futebol pernambucano falam sobre a polêmica

Matheus Cunha
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Matheus Cunha
Publicado em 25/02/2018 às 7:27
Felipe Oliveira/Bahia
Após Ba-Vi, profissionais do futebol pernambucano falam sobre a polêmica - FOTO: Felipe Oliveira/Bahia
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Qual o limite ao extravasar a felicidade em marcar um gol e o desrespeito ao adversário? Essa pergunta voltou à tona esta semana, após a comemoração de Vinícius, do Bahia, ao empatar o clássico Ba-Vi, causando confusão generalizada entre os jogadores. E, assim como o baiano, o futebol pernambucano também é recheado de rivalidades, com histórico amplo de provocações feitas por atletas. Carlinhos Bala, Neto Baiano, Halef Pitbull... Todos possuem retrospecto quando o assunto é irreverência após balançar as redes.

Em Salvador, o tumulto foi gerado aos quatro minutos do segundo tempo, quando Vinícius empatou o clássico e correu para a frente da torcida do Vitória, no Barradão, fazendo uma dança. Os rubro-negros se revoltaram e foram para cima do tricolor. Houve chutes e murros. Cinco atletas do time da casa foram expulsos, resultando no fim da partida por falta de jogadores por parte do Leão.

Provocador nato, Bala acredita que o futebol “está perdendo a graça” por conta das limitações impostas aos jogadores na hora de comemorar e que, se o tempo áureo da sua carreira fosse hoje, provavelmente “não iria se criar”. Vale ressaltar que o auto intitulado “Rei de Pernambuco” possui repertório extenso de provocações, como gestos obscenos para a torcida do Sport na final do Estadual de 2006, quando ainda defendia o Santa Cruz e converteu uma das cobranças na disputa por pênaltis. Dois anos depois, quando vestia a camisa do Leão, foi a vez de provocar o Náutico, nos Aflitos, fazendo o gesto do “chororô” após a vitória por 1x0 no Estadual.

“Hoje a gente não pode fazer mais nada que é amarelo ou vermelho. O que você vai ter que fazer daqui a uns dois anos é correr para o meio de campo para bater o centro após o gol”, comentou. Depois, falou das suas características dentro e fora das quatro linhas. “Eu sempre gostei de polêmica, né? Tanto nas provocações antes dos jogos como nas comemorações. Sou uma pessoa de personalidade forte. Se fosse hoje, eu faria tudo de novo. Isso é a essência do futebol”, concluiu.

ARBITRAGEM

As punições citadas por Bala, de acordo com o ex-árbitro Wilson Souza, fazem parte das regras do futebol e têm como objetivo impedir o retardo no reinício da partida. No caso do Ba-Vi, ele acredita que o árbitro Jailson Macêdo acertou nas nove expulsões. “Quando um jogador tira a camisa, por que ele deve ser advertido? Porque é um excesso na comemoração. O que está se punindo não é a comemoração, é a perda de tempo naquele momento. O árbitro não tinha o que fazer no Ba-Vi. Restou a ele tomar as medidas disciplinares cabíveis. E acertou em todas”, analisou.

Para Diógenes Braga, vice-presidente do Náutico, deve haver um equilíbrio entra a irreverência e o respeito ao adversário na hora da comemoração. Lembrou do caso de Nivaldo, ex-atacante timbu, que passou a protestar contra uma determinação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), que impedia os atletas de comemorar no alambrado dos estádios, junto com a torcida.

“Eu gosto da irreverência no futebol. Eu lembro bem dessas comemorações, até no próprio Náutico, com Nivaldo, após a proibição da CBF, que impedia os jogadores de saírem do campo. Ele fazia o gol e ficava andando em cima da linha fazendo gestos como se estivesse chorando, lamentando não poder ir comemorar com a torcida”, relembrou o dirigente.

Quem também pede limites é o técnico Júnior Rocha, do Santa Cruz. O treinador desaprovou a atitude de Vinícius, mas lembrou também que o futebol está ficando chato. Disse ainda que não faz nenhuma recomendação para os seus comandados na hora de extravasar na hora do gol.

“Onde há a falta de respeito, é o limite para comemorar um gol. Não podemos deixar também o futebol mais chato do que já está. Tem que comemorar da maneira que quiser, mas na frente do seu torcedor. Todo mundo sabe dos seus limites”, acrescentou.

Outro que falou em “respeito ao adversário” foi o zagueiro rubro-negro Léo Ortiz. Afirmou que os jogadores compartilham de uma mesma profissão e, por isso, deve haver uma relação saudável. “Não passando do desrespeito e da ofensa, não tem nenhum problema. Esse é o limite. Você ofender a pessoa ou a torcida fica chato para o futebol”, ressaltou.

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